Membranas fetais podem transformar a medicina regenerativa

Tratamento de doenças cardiovasculares, neurológicas e da diabetes pode recorrer a células estaminais das membranas fetais. A revisão sobre o potencial das membranas fetais aponta para um maior uso destas na medicina regenerativa.

Trabalho em laboratório
Trabalho em laboratório (imagem de arquivo). Foto: DR

As membranas fetais, que compõem o saco amniótico que envolve o feto durante a gravidez, têm vindo a ser utilizadas em terapias biológicas, como enxertos de pele, e em queimaduras graves. Mas as aplicações das membranas fetais podem ser muitas outras, porque contêm uma variedade de células estaminais que podem ser usadas para tratar doenças cardiovasculares, neurológicas, a diabetes e outras condições médicas.

“As membranas fetais têm sido utilizadas com sucesso em aplicações médicas há mais de um século, mas continuamos a descobrir novas propriedades destas membranas”, referiu Rebecca Lim, médica e autora da revisão ‘Stem CEells Translational Medicine’. A médica indicou que “as populações de células estaminais provenientes das membranas do feto são abundantes e diversas, enquanto a própria membrana serve, de forma única, como suporte de malha biocompatível para aplicações de bioengenharia”.

As membranas fetais têm vindo a ser usadas em medicina regenerativa, muito antes do termo ‘medicina regenerativa’. O trabalho de Rebecca Lim indica que estão a ser descobertos novos usos para as membranas fetais, bem como para as células estaminais derivadas das membranas.

As células estaminais derivadas da membrana fetal já estão a ser transcritas em ensaios clínicos. A publicação dos resultados de segurança destes ensaios irá levar a uma aplicação mais ampla nos próximos anos.

Rebecca Lim conclui que numa perspetiva futura é preciso também considerar a melhor forma de projetar ensaios clínicos numa fase posterior para verificar qual a dose terapêutica ideal e o regime de dosagem, bem como o tempo de administração das células. Também é importante melhorar a compreensão atual sobre o papel biológico das células estaminais derivadas e da membrana fetal na gravidez.

O trabalho realizado pela especialista indica que é necessário desenvolver melhor os protocolos de iniciação celular e conceber os biorreatores que manterão sua eficácia de forma económica para uso clínico em grande escala. É conhecido que as propriedades mecânicas e bioquímicas das membranas fetais, são únicas, e uteis para aplicações de bioengenharia.

As membranas fetais são utilizadas como malhas biológicas para a propagação e manutenção de outros tipos de células ou usadas ​​por conta própria para reparar defeitos cirúrgicos, mas podem também dar resposta a uma grande variedade de necessidades clínicas. E o campo da medicina regenerativa está cada vez mais consciente da utilidade das membranas fetais.