Ozono clínico usado como terapia para tratar doenças do pé

Ozonoterapia Podal chega a Portugal e oferece um conjunto de vantagens no tratamento natural de um grande número de doenças do pé. Fátima Carvalho, podologista, descreve, neste seu artigo, algumas das vantagens do Ozono clínico como agente terapêutico.

Fátima Carvalho, Podologista responsável pelo Centro Clínico do Pé
Fátima Carvalho, Podologista responsável pelo Centro Clínico do Pé. Foto: DR

A Ozonoterapia Podal é uma técnica que utiliza o ozono clínico como agente terapêutico num grande número de doenças, nomeadamente podais. Esta é uma terapia totalmente natural que, sendo realizada corretamente por podologistas pós-graduados, e utilizando geradores de ozono fiáveis, apresenta resultados bastante positivos e poucas contraindicações ou efeitos secundários.

O que é o ozono clínico?

O ozono (O3) clínico é uma molécula instável e obtém-se através do O2 puro; uma mistura O2-O3 normalmente constituída por 98 por cento de O2 e somente 2 por cento de O3, esta molécula é composta por três átomos de oxigénio (O2), que se forma a partir de uma reação térmica induzida na molécula de oxigénio (O2), transformando-se numa molécula rica em energia que melhora o processo de oxigenação. Dada a sua instabilidade, o contacto com o corpo humano estimula a produção de defesas antioxidantes que eliminam radicais livres (moléculas produzidas no nosso organismo, e que em excesso podem ter efeitos tóxicos).

Perante este cenário, é possível perceber que a Ozonoterapia se apresenta como um tratamento útil, uma vez que modula as estruturas celulares desde a mitocôndria (componente de uma célula animal), promove maior capacidade funcional global, ajuda a eliminar o ácido úrico, elimina bactérias, fungos e vírus da circulação, restaurando a saúde do pé.

Como foram descobertas as propriedades do ozono?

Segundo Eurico Fermi, físico italiano galardoado com o Prémio Nobel da Física em 1938, “o ozono é a maior descoberta da Química Moderna”.

Historicamente o ozono foi descoberto em 1785 pelo físico holandês Martinus Van Marum, mas só em 1857 é que o físico Werner Von Siemens desenvolveu um gerador de alta frequência, onde efetuou as primeiras tentativas de destruição de microrganismos.

Já em 1870, o médico alemão C. Lender fez a primeira publicação sobre os efeitos biológicos práticos relativos à desinfeção da água Em Portugal, mais concretamente, o ozono foi inicialmente introduzido em processos industriais de purificação do ar e da água de consumo, à semelhança de vários países europeus.

Durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), médicos alemães e ingleses utilizaram o ozono para tratamento de feridas em soldados, conforme foi noticiado pela revista THE LANCET, nos anos 1916 e 1917.

Dr. Blass fundou em 1913 a primeira associação alemã de Ozonoterapia, e em 1915, Dr. Wolf, cirurgião-chefe dos serviços médicos do exército alemão, ampliou a aplicação de ozono no tratamento tópico de feridas infetadas, pé congelado, gangrena e úlceras de decúbito.

Erwin Payr, importante cirurgião austríaco e professor em Leipzig, testou em 1935 a aplicação e efeito de ozono em feridas e apresentou uma publicação de 290 páginas intitulada “O tratamento com ozono na cirurgia”.

Com o passar dos anos, novas pesquisas foram surgindo. Em Portugal, no ano de 2007, surgem as primeiras notícias sobre a Ozonoterapia utilizada em dor osteoarticular e dor crónica. Em 2008 são construídas as primeiras saunas de ozono, mas ainda hoje têm pouca expressão no país. Em 2009 começam a ser utilizados cremes ozonizados, sabonete ozonizado e é incrementada a divulgação da Ozonoterapia. Em 2011 é constituído o primeiro centro especializado unicamente em Ozonoterapia – Centro de Ozonoterapia. Já o aparecimento dos primeiros suplementos de ozono em microcápsulas data sensivelmente de 2012. Em 2013 a Ozonoterapia é reconhecida como tratamento na Portaria n.º 163/2013 de 24 de abril, a qual estabelece a tabela de preços a praticar pelo Serviço Nacional de Saúde.

Como se processa a Ozonoterapia Podal?

A aplicação de ozono no pé pode ser efetuada através de: hidrozonoterapia; bolsa de ozono; aplicação subcutânea de ozono; e aplicação tópica (de água e óleos ozonizados – activozone).

A produção de ozono destinada para esta terapia é feita através de um gerador de ozono (equipamento que transforma gás de oxigénio em gás de ozono), que ao ser infundido numa bolsa de ozono, entra em contacto com a pele, transformando-se e procurando oxidar células e tecidos mortos, fungos, bactérias, leveduras, vírus, resíduos metabólicos celulares e outros poluentes. Nos tratamentos tópicos observa-se a inativação de microrganismos por ação direta do ozono com rutura oxidativa das suas membranas.

De acordo com a minha experiência clínica, a Ozonoterapia Podal ostenta propriedades químicas ímpares, que lhe conferem a possibilidade de ser utilizada no tratamento de várias doenças podais, tais como: infeções da pele; micoses; úlcera nos membros inferiores; eczema; pé de atleta; tendinite e tendinose; dores musculares; artrite reumatoide e artrite gotosa; queimaduras; contusões; picadas de insetos; psoríase; gretas e fissuras; lesões articulares; tendinopatia do tendão de Aquiles; esporão ósseo e exostoses ósseas.

O Centro Clínico do Pé de Amarante é a única clínica no país certificada a praticar esta terapia ao nível do tratamento do pé.

Autora: Fátima Carvalho, podologista responsável pelo Centro Clínico do Pé de Amarante

O Centro Clínico do Pé de Amarante, localizado na Unidade de Cuidados Integrados da Santa Casa da Misericórdia deste concelho, tem como missão proporcionar um serviço de excelência na prestação de cuidados de podologia que garantam a saúde e bem-estar do pé.