Podologistas alertam: Não há apoio nas consultas do pé diabético

Duas amputações do pé diabético por minuto no mundo, e em Portugal a taxa de amputação é de 5,4 por 100 mil habitantes. Uma situação que leva os podologistas a alertar para falta de apoio nas consultas do pé diabético.

Dia Mundial da Diabetes, a 14 de novembro
Dia Mundial da Diabetes, a 14 de novembro. Foto: Rosa Pinto/arquivo

Dados do Observatório Nacional da Diabetes, indicam que a taxa média de amputação do pé diabético em Portugal é de 5,4 por 100 mil habitantes, com a zona Norte do país a ser a mais afetada. Em 2015 o número de amputações do pé diabético foi de 1.250.

O pé diabético aparece como o principal responsável pelo internamento do portador de diabetes. A Associação Portuguesa de Podologia indica que atualmente ocorrem no mundo, duas amputações por minuto, sendo que 85% destas são precedidas de úlceras. A estimativa aponta para que 15% dos doentes diabéticos desenvolvem uma úlcera nos membros inferiores durante os anos de doença. É conhecido que 85% das amputações têm um historial de úlceras diabéticas.

Num quadro de grande preocupação de saúde pública e no âmbito do Dia Mundial da Diabetes, a assinalar a 14 de novembro, a Associação Portuguesa de Podologia (APP) vem alertar para a necessidade de uma aposta na Consulta Multidisciplinar do Pé Diabético com integração da podologia, nos cuidados de saúde primários, de forma a reduzir as taxas de amputação em Portugal.

Manuel Portela, presidente da Associação Portuguesa de Podologia, referiu, citado em comunicado da APP, que “só a coragem e a determinação do Ministério da Saúde pode inverter as taxas de amputação do pé diabético, proporcionar melhor qualidade de vida aos doentes, diminuir as taxas de morbilidade e mortalidade associadas a esta problemática e reduzir os custos do Serviço Nacional de Saúde, criando consultas de pé diabético com podologistas.”

Para o presidente da APP “a presença do podologista na avaliação, orientação e prevenção de patologias do pé, assim como o seu tratamento é essencial”, e acrescentou que “o doente diabético tem que ser consciencializado para esta problemática, educado para os cuidados a ter e quais as medidas a tomar em caso de patologia. Essa atitude é determinante para prevenir o aparecimento de feridas, úlceras, infeções e amputações.”

O pé diabético, mais do que uma complicação da diabetes, deve ser considerado como uma condição clínica complexa, que pode acometer os pés e, ou tornozelos de indivíduos diabéticos, lembra a APP em comunicado.

A doença causa a perda da sensibilidade dos pés, a presença de feridas complexas, deformidades, limitação de movimento articular, infeções, amputações, entre outras consequências, pelo que a abordagem do tratamento deve ser especializada e contemplar um modelo de atenção integral que inclua: consciencialização e educação; qualificação do risco; investigação adequada; tratamento apropriado das feridas; cirurgia especializada; aparelhamento customizado e reabilitação integral. Um modelo que orientado para a prevenção possa objetivar “a restauração funcional da extremidade.”

Para assinalar o Dia Mundial da Diabetes a Associação Portuguesa de Podologia promove a realização de uma caminhada pela Diabetes, na noite de 13 de novembro, em Braga, e uma Tertúlia sobre o Pé Diabético, no dia 14, no Porto, com a intervenção de Maria Jesus Dantas, vencedora do prémio Bial Medicina Clínica 2016.