Projeto europeu no setor espacial tem coordenação portuguesa

Projeto europeu Astropreneurs, coordenado pelo Instituto Pedro Nunes, vai permitir o apoio a 150 startups nos domínios das tecnologias do espaço. O projeto conta com um orçamento de dois milhões de euros do Programa europeu Horizonte 2020.

Laboratórios de desenvolvimento tecnológico no Instituto Pedro Nunes
Laboratórios de desenvolvimento tecnológico no Instituto Pedro Nunes. Foto: IPN/Sergio Azenha

O projeto europeu Astropreneurs pretende apoiar ideias de negócio direcionadas ao mercado espacial ou que incorporem tecnologia espacial em aplicações terrestres. Para apoiar as ideias o projeto conta com um orçamento de dois milhões de euros da Comissão Europeia, através do Programa Horizonte 2020.

O projeto europeu é coordenado pelo Instituto Pedro Nunes (IPN) e tem como objetivo contribuir para a criação de “novos negócios, gerar emprego e estimular o crescimento económico em cooperação com a indústria, investidores e instituições nacionais e europeias.”

Através do Astropreneurs “cerca de 500 empreendedores vão ter acesso a uma formação intensiva, que inclui 50 horas de mentoria e consultoria conduzida por 100 peritos”, o objetivo é “apoiar os empreendedores na aceleração dos seus projetos e na captação de financiamento público e privado, visando uma mais rápida entrada e consolidação no mercado.”

Para tornar as ideias inovadoras e com potencial comercial o Astropreneurs propõe-se facilitar acesso a uma vasta rede de investidores, indústria e agências de apoio que integram a chamada ‘economia do Espaço’. O acesso a uma rede de investidores é estratégico para os inovadores aproveitarem os mercados e as oportunidades globais.

O Astropreneurs vai também dar acesso aos empreendedores de tecnologias “a um conjunto de workshops técnicos e a reuniões com os principais ‘stakeholders‘ da indústria espacial, esclareceu o IPN, em comunicado.

As candidaturas por parte dos inovadores e empreendedores ao projeto europeu Astropreneurs abrem em setembro. Um projeto que reúne, para além de Portugal, que coordena o projeto, diversos parceiros da Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Reino Unido e República Checa.

As tecnologias ligadas ao Espaço são fonte de crescimento económico e de inovação

De um setor assente na ciência o percurso para a exploração espacial levou ao desenvolvimento de tecnologias que constituem atualmente a designada ‘economia do Espaço’, uma economia que é ao mesmo tempo orientada para objetivos estratégicos relacionados com a ciência e exploração do Espaço, e por outro dado para o desenvolvimento de recursos e meios de utilidade para a vida das pessoas.

Ambos os propósitos têm vindo a mudar o setor e a atrair “cada vez mais a atenção de outros atores, como estados, empresas e investidores privados”, e a ‘economia do Espaço’ “tornou-se um setor com impacto real, trazendo inovações disruptivas e muitas novas oportunidades de negócio, sobretudo quando aplicadas a outros setores terrestres da economia.”

Projetos ligados ao Espaço com impacto na população

O Galileo, o sistema europeu de localização por satélite, ao fornecer uma precisão inigualável, está a criar a sua própria área de negócios, com centenas de startups a começarem a explorar esta oportunidade.

O EGNOS, um precursor do Galileo, é um sistema complementar que aumenta a precisão dos sinais de navegação por satélite na Europa e que também pode servir de suporte a novas aplicações em diversos setores, como a aviação ou a agricultura de precisão.

O programa europeu Copérnico, que fornece dados de observação da Terra em tempo real, é uma fonte de dados espaciais que está a ser incorporada em novos produtos e serviços do futuro em áreas como o ambiente, a proteção civil e a segurança civil.

O Instituto Pedro Nunes e a ligação ao setor do Espaço

O IPN que coordena o projeto Astropreneurs tem, desde a criação, uma forte ligação ao setor espacial, com a incubação de algumas das mais importantes empresas espaciais portuguesas, como a Critical Software e a Active Space Technologies, e de empresas com origem no setor do Espaço como a Feedzai.

No domínio da transferência de tecnologia o IPN tem cooperado com a Agência Espacial Europeia (ESA), nos programas de transferência de tecnologia, o que levou em 2014 à criação de uma incubadora de empresas portuguesas da Agência Espacial Europeia (ESA BIC Portugal).

O ESA BIC Portugal, com coordenação do IPN, “é um dos 18 atuais centros de incubação da ESA, onde são apoiadas startups que estão a transferir tecnologia do Espaço para mercados terrestres, criando novos serviços e produtos em diversos setores da economia, em áreas como a saúde, energia, transportes, segurança e vida urbana.”