Espera-se que o número de casos de COVID-19 continue a crescer em Portugal como em todo o mundo nos próximos meses e isso significa que cada vez haja maior de necessidade de serem tomadas novas medidas de proteção e para reduzir a transmissão da doença.
As medidas de proteção são particularmente importantes quando se trata de pessoas com cancro, dado que os seus sistemas imunológicos estão muitas vezes enfraquecidos pelos tratamentos contra o cancro.
Os oncologistas Gary Schiller e Joshua Sasine, da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), EUA, ajudam a explicar o que os pacientes com cancro precisam saber sobre a COVID-19.
Quais os pacientes com cancro que devem preocupar-se com o coronavírus?
Joshua Sasine, diretor do programa de células T CAR do Centro Compreensivo do Cancro Jonsson da UCLA, referiu: Os pacientes com maior risco são os que sofrem de cancro de medula óssea ou que tiveram um transplante de medula óssea nos últimos 12 meses. Se os pacientes têm cancro e estão em quimioterapia ativa, eles também correm um risco maior do que a população em geral. Isto é especialmente verdade se tiverem mais de 60 anos.
Gary Schiller, professor de hematologia e oncologia na Escola de Medicina David Geffen da UCLA, acrescentou: Os recetores de transplante de medula óssea que receberam medula óssea de outras pessoas são os pacientes mais imunocomprometidos com os quais cuidamos e o grupo com maior risco de sofrer uma complicação potencialmente fatal devido a uma infeção.
O que significa ter um sistema imunológico comprometido?
Joshua Sasine esclarece: Os glóbulos brancos do corpo normalmente eliminam infeções, como bactérias, vírus e fungos. Quando as células diminuem em número, função ou em ambas, o sistema imunológico fica comprometido. Isso pode ser devido a cancro, HIV, quimioterapia e muitas outras situações. Isto significa que é mais provável que uma pessoa contraia uma infeção e que a infeção cause em media mais danos. Também pode durar mais tempo a infeção.
Existem precauções que os pacientes com cancro devem tomar?
Gary Schiller esclarece: Os pacientes imunocomprometidos precisam ser cautelosos em entrar no meio da multidão, devem manter boas técnicas de lavagem das mãos e devem ficar longe de indivíduos que manifestem estar com tosse.
Joshua Sasine acrescentou: Para a maioria dos eventos, o cancelamento de planos é ideal. No entanto, às vezes é preciso pesar os riscos e benefícios. Se houver um evento muito importante (filho ou filha vai casar-se, etc.), pode ser um risco que valha a pena correr.
Pacientes com cancro devem adiar os planos de viagem?
Gary Schiller indica: Para pacientes com doenças malignas do sangue e da medula óssea e pacientes que fizeram transplantes de medula óssea, devem adiar a viagem. Não deve viajar agora.
É seguro que os pacientes se desloquem ao hospital para tratamento?
Gary Schiller esclarece: Sim. Estão em curso trabalhos para desenvolver melhores procedimentos e políticas de isolamento para isolar os pacientes potencialmente doentes de outros pacientes imunocomprometidos. Por exemplo, os pacientes potencialmente doentes com coronavírus não se misturam nas salas de espera e são colocados em outros espaços de isolamento para avaliação.
Os pacientes devem usar máscara ou desinfetante para as mãos?
Gary Schiller refere: Uma máscara não é proteção suficiente e pode levar a que, se usar uma máscara, especialmente uma que não seja suficientemente protetora, tenha uma falsa sensação de segurança e poderá colocar-se numa posição que possa comprometer sua segurança. Em relação ao desinfetante para as mãos, gostaria que os pacientes armazenassem água e sabão. Isso seria mais eficaz do que usar repetidamente desinfetante para as mãos.
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