Selfie sobre cancro da pele dá lições de saúde pública

Tal com o efeito Katie Couric, o efeito Angelina Jolie, e o efeito Charlie Sheen, a enfermeira Tawny Dzierzek, com uma selfie e uma história pessoal de tratamento de cancro da pele, partilhadas nas redes sociais, deu lições de saúde pública.

Seth Noar da UNC Lineberger
Seth Noar da UNC Lineberger. Foto: DR

Investigadores da Universidade da Carolina do Norte descobriram que o estatuto de uma celebridade pode não ser necessário para tornar uma preocupação de saúde pública viral nas redes sociais. Num novo estudo, investigadores mostraram como foi eficaz uma pessoa gerar consciência sobre o cancro da pele, recorrendo a uma mensagem e a uma selfie, que foram partilhadas milhares de vezes no Facebook.

Em abril de 2015, Tawny Dzierzek, uma enfermeira do Kentucky, compartilhou uma selfie no Facebook, após um recente tratamento a cancro da pele. À ex-utilizadora frequente de câmaras de bronzeamento, Dzierzek foi diagnosticado, pela primeira vez com cancro da pele aos 21 anos. Aos 27 anos, teve cinco vezes carcinoma basocelular e uma vez carcinoma espinhocelular. A mensagem foi partilhada 50.000 vezes nas redes sociais em menos de um mês, e sua história foi divulgada por meios de comunicação desde a CNN ao BuzzFeed.

A mensagem de Tawny Dzierzek no Facebook, e a subsequente cobertura pelos meios de comunicação da história provaram ser ferramentas poderosas para aumentar a conscientização sobre cancro da pele. Os investigadores publicaram na revista ‘Preventive Medicine’ que a pesquisa no Google sobre cancro da pele atingiu níveis quase recorde quando a cobertura pelos meios de comunicação sobre o selfie da enfermeira estava no auge.

“Um crescente conjunto de investigações mostra que as histórias podem ser muito impactantes, mais impactantes do que a informação didática, na entrega de uma mensagem de saúde”, referiu Seth Noar da UNC Lineberger, e autor principal do estudo. “O evento foi realmente uma tempestade perfeita de uma história convincente e uma selfie, que parece ter levado a publicação no Facebook a ser viral”.

No estudo, Seth Noar colaborou com vários especialistas de todo o país (EUA) com experiência em métodos de vigilância digital. A equipa avaliou as ações do Facebook e a cobertura dos meios de comunicação, bem como as tendências do Google online na pesquisa pelas palavras “pele” e “cancro” na data em que Tawny Dzierzek publicou inicialmente a foto no Facebook, 25 de abril de 2015, e durante o período que a cobertura pelos meios de comunicação da história atingiu o pico e depois declinou.

Não só o público manifestou mais interesse por cancro da pele, como demonstrou estar substancialmente mais interessado ​​na prevenção do cancro da pele e na ligação entre bronzeamento e cancro da pele. As pesquisas online sobre prevenção de cancro da pela atingiram 232% mais do que era esperado, enquanto as consultas sobre cancro da pele e diversão foram de 489%.

“Quando o público vê histórias” reais, então “gravitam em relação a elas”, referiu Ayers, e acrescentou: “Acontece que quando as pessoas falam, partilhando as suas histórias, as suas vozes podem ressoar muito mais do que imaginávamos.”

Os investigadores consideram que os profissionais de saúde pública e grupos de defesa da saúde devem aproveitar estes eventos, quando acontecem, para ampliar a mensagem e alcançar muitas outras pessoas. Seth Noar reforça que no caso em concreto era “um momento oportuno informar sobre os perigos das câmaras de bronzeamento”. Os riscos associados ao bronzeamento são grandes e muito sério, como indicam diversos organismos de saúde, nomeadamente Agência Internacional de Investigação em Cancro, da Organização Mundial da Saúde, que declarou a radiação ultravioleta e as câmaras de bronzeamento, como carcinogénicos.

A American Academy of Dermatology indica que câmaras de bronzeamento causam mais de 400 mil casos de cancro da pele por ano nos Estados Unidos da América.