Serviços de urgência: Um desafio em tempo de pandemia por COVID-19

Os internistas a trabalhar no Serviço de Urgências alertam para a necessidade de terem acesso permanente a informação, proteção individual adequada e a existência de uma definição de circuitos nos Serviços de Urgência como estipula a DGS.

Serviços de urgência: Um desafio em tempo de pandemia por COVID-19
Serviços de urgência: Um desafio em tempo de pandemia por COVID-19. Foto: Rosa Pinto

O Núcleo de Estudos de Urgência e do Doente Agudo (NEUrgMI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) considera que a resposta que o Serviço de Urgência terá de dar na atual situação de pandemia por COVID-19, é um enorme desafio para todos.

Para o NEUrgMI, os internistas que trabalhem no Serviço de Urgências deverão ter:

  • Acesso a informação crucial e permanente por parte das instituições e da tutela;
  • Possibilidade de proteção individual adequada, nomeadamente de acordo com a norma 13/2020 da Direção-Geral da Saúde (DGS);
  • Possibilidade de trabalhar em Serviços de Urgência com adequada definição de circuitos (desde o ADC à alta para domicílio ou ao internamento), tal como define a norma da DGS n. 04/2020.

A COVID-19 é uma doença emergente, conhecida desde há poucos meses, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2. Os internistas indicam que “todo o conhecimento que temos sobre ela reside sobretudo na experiência de vida real dos vários países que têm sido vítimas desta pandemia, nomeadamente da China e da Itália. Apesar disto, neste pouco tempo, tem sido impressionante o avolumar de artigos científicos sobre a epidemiologia, o diagnóstico e o tratamento desta nova doença”.

Até agora os estudos permitem saber “que 80% da população terá sintomas ligeiros, estando preconizado a quarentena em casa, sob medidas de alívio de sintomas, nomeadamente paracetamol para a febre, descanso, reforço hídrico”.

Também é conhecido “que 15% da população terá sintomas moderados a graves. Irão precisar de internamento Hospitalar. Nesse subgrupo encontram-se os doentes com várias comorbilidades”. É para este grupo que “o papel do internista será fundamental na otimização terapêutica”.

Mas também é conhecido “que 5% da população irá evoluir de forma mais grave, necessitando de admissão em Unidade de Cuidados Intensivos (a Sociedade de Cuidados Intensivos emitiu uma série de recomendações e orientações terapêuticas)”.

Os internistas lembram que “atualmente os fármacos utilizados são off-label. Tratando-se de um vírus novo, ainda estamos todos numa fase de intensa investigação”, pelo que são necessários estudos robustos e sólidos”, tendo a DGS emitido uma tabela com esquema terapêutico. “Existem vários algoritmos terapêuticos, talvez não muito diferentes entre si, mas não validados”.

Como todas as doenças agudas, a porta de entrada dos doentes com COVID-19 em situação grave será o Serviço de Urgência dos Hospitais. Assim, o NEUrgMI indica que “não podia deixar de se manifestar junto dos internistas que estão neste momento na linha da frente no combate a este agente invisível (nos SUs, nas enfermarias, nos internamentos COVID-dedicados, nas UCIs)”.

O NEUrgMI lembra que já foram muitas “as orientações e normas emanadas pela DGS consoante a evolução da doença, desde a sua fase inicial, passando pela fase de epidemia até à de pandemia; desde a fase de contenção até à atual fase de mitigação”.

“Se pensarmos que estamos perante uma maratona, temos um longo caminho pela frente. Esperamos que o conhecimento e as medidas adotadas (nomeadamente o isolamento social) aplanem a curva de incidência de novos casos de forma que o SNS e os nossos hospitais consigam dar resposta”, conclui o NEUrgMI.