Tratamento de abuso de drogas pode estigmatizar os jovens

Consumo de marijuana entre jovens contínua estável, mas há mais jovens nas instituições de tratamento de abuso de drogas. A entrada numa instituição pode ter impactos negativos na trajetória da vida dos jovens, pois podem ser estigmatizados.

Miesha Marzell, investigadora nas Universidades de Binghamton e do Estado de Nova Iorque
Miesha Marzell, investigadora nas Universidades de Binghamton e do Estado de Nova Iorque. Foto: © Universidades de Binghamton e do Estado de Nova Iorque

Miesha Marzell, investigadora da Universidade de Binghamton, em conjunto com investigadores da Universidade de Iowa, fez uma análise de dados coligidos de todas as instituições de tratamento de abuso de drogas a nível nacional, nos Estados Unidos, de 2003 a 2013.

Os dados referentes às admissões nas instituições de jovens antes e depois da promulgação, em todo o país, das principais políticas sobre marijuana, mostraram que embora o uso de marijuana entre os jovens tenha permanecido relativamente inalterado, as admissões em instituições de tratamento de abuso de drogas aumentaram.

“Os adolescentes estão a ser colocados em centros de tratamento de abuso de drogas nos Estados Unidos, mas os jovens não estão necessariamente a considerar que o uso de marijuana seja de alto risco”, referiu Miesha Marzell.

Para a investigadora estes dados podem ser devidos às pessoas estarem a considerar que qualquer tipo de uso de drogas é de alto risco e que pretendem garantir que, do ponto de vista da prevenção, esta se mantenha forte.

“À medida que os Estados legalizam, ou proporciona um acesso diferente à marijuana, pode levar a que as pessoas estejam agora a relatar qualquer tipo de uso da droga como arriscado, enquanto antes o não faziam”, esclareceu a investigadora.

Miesha Marzell observa que qualquer marijuana que um jovem produza é ilegal e de alto risco, e a entrada numa instituição não garante necessariamente o tratamento de abuso de drogas. Colocar desnecessariamente os jovens numa instituição em tratamento de abuso de drogas, que é financiada por fundos públicos, pode ter impactos negativos na trajetória da vida dos jovens, pois podem ser estigmatizados.

Para a investigadora “pode não ser o melhor caminho em relação a um comportamento de drogas. Se cair, não coloca gesso, se partir o braço, coloca gesso. Essa reação é exagerada, e também não é um bom uso dos fundos, porque o tratamento é caro. Queremos ter a certeza de que estamos a usar todos os nossos recursos de forma apropriada.”

Miesha Marzell referiu que, à medida que as leis da marijuana continuam a mudar em todo o país, é necessário realizar mais investigação.

Para a investigadora “é preciso fazer-se uma investigação sobre as mudanças de políticas de marijuana e do comportamento juvenil e dos resultados especificamente relacionados com o tratamento”, e acrescenta é “preciso que haja mais educação sobre as drogas”, dado que o sucesso com o tratamento contra o consumo de drogas não está garantido.