Carlos de Matos, um empresário português da Diáspora

Reconhecidos em qualquer parte do mundo pela capacidade de trabalho, os portugueses emigrados tem vindo a assumir papéis relevantes. Um dos exemplos é o de Carlos de Matos, que é dado a conhecer por Daniel Bastos, neste seu artigo.

Daniel Bastos, Historiador e Escritor
Daniel Bastos, Historiador e Escritor. Foto: DR

Uma das marcas mais características das Comunidades Portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político.

Nos vários exemplos de empresários portugueses da Diáspora, cada vez mais percecionados como um ativo estratégico na promoção e reconhecimento internacional do país, destaca-se o percurso inspirador e de sucesso do empresário Carlos de Matos.

Originário da freguesia de Carvide, no concelho de Leiria, Carlos de Matos emigrou “a salto” para França em 1969, então com 18 anos, após uma transição entre a infância e a idade adulta marcada por experiências como moço de recados e operário numa fábrica de vidro. Como grande parte dos portugueses que vivenciaram a epopeia da emigração para França nos anos 60, o leiriense chegou à região parisiense com uma mão à frente e outra atrás, conseguindo o seu primeiro trabalho como eletricista e a sua primeira solução de habitação no bidonville (bairro de lata) de Champigny.

As dificuldades de adaptação e o desejo de conhecer África, trouxeram ainda em 1972 Carlos de Matos ao torrão natal para fazer a tropa, da qual tinha fugido, e ser mandado para a guerra colonial em Moçambique. Após o 25 de Abril e depois de uma curta experiência ao volante de um dos táxis do pai em Leiria, voltou para França onde foi eletricista por uns anos, até se tornar no alvorecer dos anos 80 dono da sua primeira empresa, que batizou de ERA, especializada em reboco, e que através da sua vontade de vencer e dedicação ao trabalho se tornaria a maior empresa do ramo no território gaulês.

As vicissitudes da vida levaram o empresário e empreendedor luso nos anos 90 a criar o Grupo Saint Germain, direcionado para o ramo imobiliário, que em pleno séc. XXI viria a ser o responsável pelo gigantesco centro de negócios “Paris-Ásia Center”, junto ao aeroporto Charles de Gaulle, nos arredores de Paris, destinado a promover trocas comerciais e profissionais entre a França, a Europa e a China.

Nunca abdicando da coragem, frontalidade e audácia de pensar, dizer e fazer, Carlos de Matos tem ao longo dos últimos anos contribuído igualmente para o impulso da economia nacional, revelando a importância e potencialidade dos empresários das Comunidades Portuguesas no desenvolvimento do país.

Presentemente, o empresário luso-francês que parece seguir o lema do célebre magnata Jean Paul Getty: “O empresário verdadeiramente bem-sucedido é essencialmente um dissidente, um rebelde que raramente ou nunca está satisfeito com o status quo”-, prepara-se para levar a cabo dois relevantes projetos imobiliários em Portugal, num investimento global que ronda dos 90 milhões de euros. Um é no concelho do Barreiro, onde o Grupo Saint Germain vai reabilitar a Quinta Braamcamp, o outro é em Monte Gordo, no Algarve, um dos melhores destinos de férias da Europa.

Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor