‘Dia da Europa’ e os empreendedores portugueses

Para marcar o ‘Dia da Europa’ a Comissão Europeia organizou em Lisboa a Bolsa do Empreendedorismo, onde inovadores portugueses foram reconhecidos pela qualidade dos produtos e serviços que criaram.

Carlos Moedas, Comissário europeu responsável pela Investigação, Ciência e Inovação
Carlos Moedas, Comissário europeu responsável pela Investigação, Ciência e Inovação, Foto: Rosa Pinto

Carlos Moedas, Comissário europeu responsável pela Investigação, Ciência e Inovação e Manuel Caldeira Cabral, Ministro da Economia, estiveram presentes na abertura da Bolsa do Empreendedorismo e no anúncio dos vencedores dos dois prémios do concurso de ideias de negócio ‘Elevator Pitch – Ideias Que Marcam’.

A iniciativa Bolsa do Empreendedorismo tem como objetivo “proporcionar aos participantes informação, oportunidades e redes de colaboração para ajudar todos os interessados a levar as suas ideias da fase de ‘laboratório’ ao mercado”. Uma iniciativa que se enquadra numa das prioridades políticas da Comissão Europeia, ou seja, “promover o investimento, o crescimento e o emprego”.

Para Carlos Moedas os projetos do concurso ‘Elevator Pitch’ “são todos muito diferentes entre si”, no entanto os candidatos “têm uma linha condutora” dado que “tiveram uma ideia”, e mais importante transformaram “essa ideia num produto, em algo que se possa comercializar”.

“A economia digital veio trazer-nos a capacidade de criar mercados que nós nunca pensaríamos que poderiam existir. Mercados de uma parte da população que nunca pensou consumir”, determinado produto ou serviço. Esta economia digital de inventar produtos, ou “esta inovação criadora de mercados é realmente a grande mudança” que se processa atualmente no mundo.

“No mundo, ao mesmo tempo digital e físico em que vivemos, precisamos cada vez mais desta inovação aberta” referiu o Comissário, e acrescentou “que mais atores se envolvam”, dado que “a revolução digital, no fundo veio democratizar a inovação”.

A atual “revolução digital” faz com que hoje “tenhamos uma economia em que o utilizador é o condutor dessa própria inovação, sem nos darmos conta, mas é ele que está a puxar a inovação para a empresa” referiu o Comissário. Uma “revolução digital” em que “pequenas empresas conseguem rapidamente ganhar escala e capturar valor”.

No modelo tradicional “trabalhávamos durante vinte anos numa mesma indústria, criávamos valor e depois com a criação de valor tínhamos realmente uma recompensa”. Hoje a economia digital tem “a capacidade de rapidamente capturar valor que outros criaram”. Neste sentido, Carlos Moedas referiu que “se hoje não tivermos velocidade e escala não conseguimos vencer neste mundo da economia digital”.

Mas Carlos Moedas verifica que a Europa não “está de certa forma a agarrar estas ideias como o fazem outras partes do mundo. Estas ideias de escala e de velocidade estão a acontecer noutras partes do mundo”.

Para confirmar o desfasamento entre a Europa e outras partes do mundo, o Comissário indicou que “quando olhamos para as empresas de mais de 1 mil milhões de euros” verificamos que “são mais de 100 nos Estados-Unidos, 36 na China e apenas 19 na Europa os chamados unicórnios”.

É “esta inovação disruptiva e criadora de mercados que nós queremos capturar na Europa”. Para isso os políticos europeus tiveram a grande visão “de criar o maior Programa de Ciência e de Inovação do mundo. Mas este programa é excelente na inovação fundamental, é excelente na inovação incremental, mas temos de fazer algo para captar as pessoas”. E uma das formas de captar as pessoas, referiu o Comissário, é “passar por não dizer aos inovadores o que eles têm de fazer mas esperar que os inovadores nos digam o que querem fazer”.