Familiares do PS

Um cidadão normal não consegue arranjar um emprego para si quanto mais para um filho! Mas no PS a situação não é bem assim! Como é o caso da teia em que a CM Matosinhos está enxameada de “meninos e meninas do orçamento”.

Joaquim Jorge, Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores e Matosinhos Independente
Joaquim Jorge, Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores e Matosinhos Independente. Foto: DR

O PS, a nível de familiares, dá 10 – 0 a qualquer Partido. É o máximo! A legislatura anterior fez alarde disso com muito sussurro. Tínhamos o dossier familiar infindável de Carlos César, agora, nesta legislatua temos o filho de António Costa presidente de Junta de Campo de Ourique. O presidente de Junta Pedro Cegonho foi colocado na lista de deputados e a posteriori foi substituído por Pedro Miguel Tadeu Costa, filho de António Costa, antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Os filhos de Manuel Alegre, a Joana Alegre é deputada municipal na CM Lisboa, e Francisco Durão Ferreira Alegre Duarte é assessor do Gabinete do Primeiro-Ministro.

Duarte Cordeiro, secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, nomeou Pedro Anastácio, filho do deputado do PS, Fernando Anastácio, para seu adjunto.

Em Matosinhos

Marta Laranja Pontes, filha de Laranja Pontes (ex-presidente do IPO do Porto) acusado de envolvimento num caso de rede de corrupção socialista no Norte (conhecida por operação Teia), é chefe de gabinete de Luísa Salgueiro, atual Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, em que o seu marido Tiago Maia é administrador executivo da Empresa Municipal Matosinhos-Habit.

A propósito deste facto Luísa Salgueiro apelidou-me de “misógino” porque transcrevi no Facebook, um excerto de uma notícia do jornal Público em relação à Operação Teia:

Os desembargadores dizem ainda ” subsistir fortes indícios de que o arguido Joaquim Couto moveu influências junto de Luísa Salgueiro (actual presidente da câmara de Matosinhos) com vista à nomeação de Marta Laranja Pontes como chefe de gabinete”. Recordam uma escuta em que Manuela Couto diz a uma colaboradora que o marido ” já tinha falado com a Luísa” e consideram que a contrapartida por essa influência foi a manutenção da contratação da Mediana pelo IPO do Porto, presidida pelo pai da Marta Laranja Pontes.”

A cunhada (irmã do marido) de Luísa Salgueiro, Isabel Esteves é diretora de Qualidade na Matosinhos Sport.

Jorge Augusto Pinto Salgueiro é primo de Luísa Salgueiro, sócio e gerente de inúmeras empresas, algumas das quais com negócios directos adjudicados pela CM Matosinhos ou empresas municipais presididas por Luísa Salgueiro.

A adjunta do vice-presidente Fernando Rocha, Maria José Mesquita é mãe da diretora do Cine Teatro Constantino Nery, Joana Monteiro, e esposa de Jorge Cerqueira, empreiteiro e administrador de várias empresas com quem a CM Matosinhos faz negócios.

Isabel Fragoso, ex-jornalista e viúva de Guilherme Pinto tem uma empresa que tem negócios com a CM Matosinhos.

O bar “Lais de Guia”, em Matosinhos, é explorado pelo genro de Narciso Miranda. Narciso Miranda tem a filha, Adriana Miranda, arquiteta, funcionária na CM Matosinhos, e a outra filha Vanda Miranda como funcionária na CM Gaia.

Isto foi o que apurei com documentos e pesquisa, mas não tenho dúvidas que as coisas não devem ficar por aqui. Estar no poder há 44 anos dá nisto.

Um cidadão normal não consegue arranjar um emprego para si quanto mais para um filho!

É ilegal o que se faz? Não é ilegal, mas deve ser questionado politicamente. Colocar um familiar numa lista que vai a votos, sendo essa escolha devida ao mérito e ao serviço prestado não me repugna, a decisão final é dada por quem vota.

Agora nomear familiares e fazer negócios com familiares não se compagina com um cargo público. O exercício de funções públicas, que administra dinheiros públicos provenientes dos impostos dos contribuintes, exige especial dever de transparência e deve merecer atenção redobrada no escrutínio das decisões tomadas institucionalmente.

Em Matosinhos confunde-se a discrepância com a dissidência a liberdade de pensar com a maledicência e querer-se mal a Matosinhos. Criticar e denunciar o que está mal é não ter amor a Matosinhos, tem que se estar calado e não denunciar estas situações e outras.

Eu opino, reflito e discordo com liberdade, não por capricho pessoal ou protagonismo. Faço-o porque creio firmemente que o espírito crítico é uma obrigação de quem se dedica ao exame da realidade.

Não sou ingénuo e sei muito bem que o PS detém um poder quase absoluto e o que estou a fazer cruza-se com ambições legítimas, interesses e debilidades.

A mim interessa-me muito a política, mudar o estado de coisas que se eternizam e muito pouco o poder.

Exercer o poder deve imitar algo básico que é ter autoridade a partir do exemplo.

É importante construir uma alternativa que Matosinhos necessita e que não poderá articular-se na contemporização destes casos familiares.

O que é hoje Matosinhos? Uma mera cidade que serve de instrumento ao PS local para se projectar no poder aproveitando-se da ingenuidade e distração dos matosinhenses.

Quem está no poder em Matosinhos é anti-mudança. O PS para se manter no poder despreza as reformas, mente e manipula.

A “PSoalização” de Matosinhos é gritante. Contudo não sei se este artigo vai fazer mudar a opinião dos matosinhenses, muitos deles comem à mesa do orçamento da câmara, como costumo dizer a CM Matosinhos está enxameada de “meninos e meninas do orçamento”.

Autor: Joaquim Jorge, Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores e Matosinhos Independente