Google bloqueia websites cumprindo decisão de tribunal em processo da GEDIPE

Google bloqueia websites cumprindo decisão de tribunal em processo da GEDIPE
Google bloqueia websites cumprindo decisão de tribunal em processo da GEDIPE. Foto: Rosa Pinto

Num combate pirataria digital pela GEDIPE – Associação para a Gestão Coletiva de Direito de Autor e de Produtores Cinematográficos e Audiovisuais a Google é forçada por decisão de tribunal a bloquear acessos a websites. Uma ação que a GEDIPE considera histórica que reforça “o primado do Estado de direito e da soberania nacional no contexto digital”.

Em comunicado a GEDIPE descreve que em junho de 2023 intentou uma providência cautelar contra a Google Portugal, filial da Google Inc., com o objetivo de forçar o cumprimento de ordens de bloqueio de websites com conteúdos ilegais previamente identificados e confirmados por sentença judicial. Estes websites – o EZTV e mais de meio milhar de subdomínios que se dedicavam à difusão ilegal de filmes – continuavam acessíveis através do serviço de DNS público da Google, que, ao substituir o DNS dos utilizadores, escapava à aplicação dos bloqueios legalmente determinados pela IGAC – Inspeção-Geral das Atividades Culturais – e obrigatórios para todos os prestadores de acesso à Internet em Portugal.

No dia 9 de setembro de 2024, o Tribunal da Propriedade Intelectual (TPI) decidiu favoravelmente à GEDIPE. Após esgotados todos os recursos legais, a sentença transitou em julgado em julho de 2025. A Google Portugal notificou então o tribunal de que comunicou a decisão à Google Ireland Ltd., entidade que representa a multinacional na União Europeia, e esta procedeu “voluntariamente” à implementação das medidas de bloqueio, que se encontram em vigor desde 17 de julho de 2025. Com a ação de bloqueio a Google evitou o pagamento de uma sanção pecuniária compulsória de 1.000 euros por cada dia de incumprimento.

A GEDIPE deu conta ainda de que durante o processo, a Google Portugal alegou que seria tecnicamente impossível implementar bloqueios geograficamente limitados a Portugal. Ora, com a concretização atual dos bloqueios está provado que argumento da Google Portugal era infundado e desrazoável.

Para Paulo Santos, diretor-geral da GEDIPE, “esta decisão representa um precedente relevante e simbólico: um tribunal português impôs limites a uma das maiores empresas tecnológicas globais, reafirmando que nenhuma entidade, por mais poderosa que seja, está acima da lei. Trata-se de uma reafirmação clara da autoridade do Estado português face à influência tentacular de plataformas digitais multinacionais, muitas vezes pouco escrutinadas e alheias às obrigações fiscais e legais dos países onde atuam”.

Com este desfecho a GEDIPE indicou que espera que entidades como a Google respeitem prontamente a legislação portuguesa, nomeadamente o determinado pela IGAC.

“A Associação para a Gestão Coletiva de Direito de Autor e de Produtores Cinematográficos e Audiovisuais continuará a sua missão de defesa dos titulares de direitos de autor e conexos, tanto a nível nacional como internacional – missão que, curiosamente, inclui também a proteção de muitos produtores norte-americanos, cujos conteúdos são igualmente alvo de pirataria”, concluiu Paulo Santos.