Homenagem da comunidade franco-portuguesa a Maria Beatriz Rocha-Trindade

Estudiosa portuguesa dos fenómenos migratórios foi distinguida em França. Daniel Bastos dá-nos conta, neste seu artigo, de mais um reconhecimento a Maria Beatriz Rocha-Trindade pelo contributo para o reforço dos laços entre França e Portugal.

Daniel Bastos, Historiador e Escritor
Daniel Bastos, Historiador e Escritor. Foto: DR

No passado dia 17 de fevereiro, a reputada socióloga das migrações, Maria Beatriz Rocha-Trindade, foi distinguida nos salões nobres da Câmara Municipal de Paris, com a Medalha Grand Vermeil, atribuída pela presidente da câmara da capital francesa, Anne Hidalgo, e a Medalha de Honra do Comité Aristides de Sousa Mendes, atribuída pela associação que ao longo dos últimos anos tem dinamizado a memória do “Justo entre as Nações”, através da promoção de conferências, encontros, edição de livros e publicações interligadas com a emigração portuguesa.

A iniciativa, impulsionada por um “Coletivo dos amigos de Maria Beatriz Rocha Trindade”, onde se destacam Manuel Dias e Isabel Barradas do Comité Aristides de Sousa Mendes, Marie-Hélène Euvrard da Coordenação das Coletividades Portuguesas de França (CCPF), Ilda Nunes da Associação Memória Viva, Emmanuelle Afonso do Observatório dos Lusodescendentes, Carlos Pereira do LusoJornal, Parcídio Peixoto da Associação Memórias das Migrações e Hermano Sanches da Câmara Municipal de Paris, teve como objetivo principal distinguir o percurso de vida e trabalho de uma das cientistas sociais que mais tem contribuído para o conhecimento da emigração portuguesa.

Autora de uma vasta bibliografia sobre matérias relacionadas com as migrações, onde se destacam, entre outros, os livros Sociologia das Migrações (1995), Migrações – Permanência e Diversidade (2009), A Serra e a Cidade – O Triângulo Dourado do Regionalismo (2009) ou Das Migrações às Interculturalidades (2014). E colaboradora habitual de revistas científicas internacionais neste domínio, Maria Beatriz Rocha-Trindade, nascida em Faro, e Doutorada pela Universidade de Paris V (Sorbonne) e Agregada pela Universidade Nova de Lisboa (FCSH), é uma precursora no estudo do fenómeno migratório em Portugal.

Professora Catedrática Aposentada na Universidade Aberta, foi responsável pela fundação nos inícios dos anos 90, nesta instituição de ensino superior público, do Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais (CEMRI). Um centro pioneiro na área das Migrações e Relações Interculturais, que conta atualmente com mais de meia centena de investigadores, e que tem diligenciado ao longo dos últimos anos uma intensa pesquisa interdisciplinar e formação avançada na área das migrações e das relações interculturais em contexto nacional e internacional.

Membro de diversas organizações científicas portuguesas e estrangeiras, designadamente da Comissão Científica da Cátedra UNESCO sobre Migrações, da Universidade de Santiago de Compostela, do Museu das Migrações e das Comunidades, e da Comissão Científica do Centro de Estudos de História do Atlântico/CEHA, a Professora Maria Beatriz Rocha-Trindade, coordena presentemente a Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa.

Constituída por membros oriundos de vários quadrantes da sociedade que têm estudado e refletido sobre o fenómeno migratório, emigração/imigração, a Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa, uma das mais relevantes instituições culturais do país, tem sido responsável pela dinamização de relevantes iniciativas no campo do fenómeno migratório. Como por exemplo, em 2019, quando realizou o colóquio “CPLP – que presente e que futuro?”, ou no ano anterior, o “Fórum Luso-Estudos/ Edição 2018”, o seminário “Enologia, Mobilidade e Turismo” e a conferência “Jornalismo para a Paz em contexto de mobilidade”.

O percurso de vida singular e o trabalho académico laborioso da Professora Catedrática Maria Beatriz Rocha-Trindade, Titular da Ordre National du Mérite de França, com o grau de Chevalier, da Medalha de Mérito do Município de Fafe, Medalha de Ouro do Município do Fundão e da Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública de Portugal, foi agora justa e merecidamente distinguido com a mais alta condecoração da capital francesa.

No decurso da cerimónia, que contou com a presença de forças vivas da comunidade luso-francesa, entre elas, os deputados eleitos pelo círculo europeu da emigração, Nathalie de Oliveira e Paulo Pisco, assim como do Cônsul-Geral de Portugal em Paris, Carlos Oliveira, em representação do Embaixador José Augusto Duarte. O Adjunto da Presidente da Câmara Municipal de Paris, Arnaud Ngatcha, autarca com o pelouro da Europa, das Relações internacionais e da Francofonia, enalteceu Maria Beatriz Rocha-Trindade “como uma eminente socióloga que desenvolveu uma carreira brilhante e fortaleceu os vínculos que unem a França e Portugal”.

Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor