O candidato de Ventura das “festas do croquete”

André Ventura apresentou um diplomata como candidato às europeias como tentativa de normalizar o CHEGA, no entanto, esta classe elitista do país que são os diplomatas, onde se incluem Ana Gomes e companhia...

Paulo Freitas do Amaral, Professor de História
Paulo Freitas do Amaral, Professor de História. Foto: DR

… detêm regalias, subsídios, poder, casas luxuosas pagas pelos contribuintes, colégios para os filhos pagos por nós, viagens, motoristas e mordomias na estrutura do Estado como nenhuma outra classe tem.

Este candidato escolhido por Ventura simboliza tudo aquilo que Ventura diz combater; privilégios, elites e poder.

Quando Diogo Freitas do Amaral como ministro dos negócios estrangeiros tentou reduzir estas regalias e o estatuto dos diplomatas foi “atrocidado” pelo marido de Ana Gomes, na altura presidente do sindicato dos diplomatas por tentar reduzir estas “gorduras”…também por Manuel Alegre que defendeu o “estatuto dos diplomatas” (curioso que nunca ninguém tinha ouvido Manuel Alegre falar de diplomatas até ao ano de 2006, por sinal, pouco tempo depois do seu filho ter entrado para a carreira diplomática)…e por todo um séquito de jornalistas com avenças superiores ao vencimento do Presidente da República, onde se incluíam a jornalista Maria Elisa e muitos outras personalidades da direita, principalmente com ligações ao CDS de Paulo Portas e que originaram os ataques infames que Telmo Correia e o grupo parlamentar do CDS dirigiram ao fundador do seu partido…

Esta carreira diplomática de elite, fica eternamente estagnada na bolha luxuosa do Estado enquanto os governos e os políticos passam… Resolvem os assuntos que lhes convém e como estão longe da capital “metem na gaveta” os assuntos que não lhes convém resolver, até que haja um novo governos que os faça nomear para um gabinete político, de forma a catapultarem a sua carreira diplomática e que faça esses assuntos fiquem esquecidos no tempo… É desta forma que encontramos no “aparelho de estado” um verdadeiro “exército” de diplomatas em gabinetes de qualquer governo, sejam eles do PSD ou do PS…eu diria até que não existe um Ministério em Portugal em que não exista um diplomata em funções governativas…

Claro que outros há, no estrangeiro, que alheados das guerras de poder especializam-se nas conhecidas “festas do croquete” ou seja nas inúmeras recepções das embaixadas, bazares de embaixatrizes e afins que poucos resultados…ou quase nenhuns resultados trazem para Portugal…

As cunhas para a ingressar na carreira são outro assunto tabu no MNE e que sempre foram assunto de corredor no Ministério dos Negócios Estrangeiros ou não fosse esta uma das carreiras profissionais do Estado, onde mais filhos seguiram a carreira dos pais…basta comparar apelidos dos candidatos admitidos em qualquer concurso do MNE…

Mas os males desta carreira, a meu ver, não se ficam por aqui…Será que ter aprovação num exame a inglês, francês e cultura geral aos 20 anos, qualifica alguém para representar Portugal de forma luxuosa, o resto da vida? Ou seria mais adequado nomear para um país alguém com formação adequada para defender os interesses de Portugal naquele país, conforme os nossos interesses nacionais? Eu acho que sim.

Já sabíamos que o CHEGA no seu discurso “dizia tudo e o seu contrário”, sabíamos também que no seu programa “prometia tudo e o seu contrário” e com a apresentação deste candidato diplomata às eleições europeias ficámos a saber que também “faz tudo e o seu contrário “…

O que haveria de ser de nós se lhe dessemos mais crédito?

Autor: Paulo Freitas do Amaral, Professor de História e Co-fundador do partido Nova Direita