Transatlântico – As Migrações nos Açores

É conhecida a emigração dos açorianos para América, mas o estudo deste fluxo migratório continua a justificar-se, como nos lembra Daniel Bastos, neste seu artigo, que dá conta de uma nova obra sobre as migrações nos Açores.

Daniel Bastos, Historiador e Escritor
Daniel Bastos, Historiador e Escritor. Foto: DR

No decurso dos últimos anos o acervo bibliográfico sobre o fenómeno migratório tem sido profusamente enriquecido com o lançamento de um conjunto significativo de livros que têm ampliado o estudo e conhecimento sobre a história da emigração portuguesa.

Um dos exemplos mais recentes que asseveram a importância destas obras na análise e compreensão da emigração nacional, encontra-se vertido no livro Transatlântico – As Migrações nos Açores, da autoria de José Andrade, atualmente Diretor Regional das Comunidades do Governo dos Açores.

Com chancela da Letras Lavadas, e prefácio de José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores, a obra lançada no alvorecer deste mês nas instalações da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, numa sessão que esteve a cargo do presidente da Associação dos Emigrantes Açorianos, Rui Faria, e da presidente da Associação dos Imigrantes nos Açores (AIPA), Cristina Borges, constitui-se como uma reflexão/retrato incontornável das Migrações nos Açores, de ontem e de hoje, para fora e para dentro.

Embrenhando-se num fenómeno marcante na vida de milhares de açorianos, estima-se que cerca de 1,5 milhões de açorianos e seus descendentes residam no estrangeiro, o livro do atual responsável das áreas da emigração, da imigração e das comunidades açorianas no exterior, tem não só o condão de (re)valorizar os movimentos da emigração açoriana para o Brasil, o Uruguai, o Havai, os Estados Unidos, a Bermuda ou o Canadá. Mas também destaca o papel de 4 mil cidadãos estrangeiros de mais de 90 nacionalidades diferentes, como é o caso de brasileiros, alemães, chineses ou ucranianos, que presentemente habitam e trabalham nos Açores, e contribuem assim de forma muito positiva para o desenvolvimento do território arquipelágico e do país.

Com mais de duas dezenas de livros publicados, a mais recente obra de José Andrade, como acentua a casa editorial que apadrinha o trabalho literário, “rima Açorianidade com Interculturalidade. O seu pretexto são textos produzidos pelo Diretor Regional das Comunidades do Governo da Região Autónoma dos Açores durante os anos de 2021 e 2022. O seu propósito é a consciência e o orgulho de sermos um arquipélago transatlântico que projeta identidade no mundo e que abraça continentes nas ilhas. Não estamos no fim da Europa ou no princípio da América. Estamos no centro do mundo.

Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor.