OCDE: Aspirações profissionais dos estudantes não correspondem aos planos de estudo ou às necessidades do mercado de trabalho

OCDE: Aspirações profissionais dos estudantes não correspondem aos planos de estudo ou às necessidades do mercado de trabalho
OCDE: Aspirações profissionais dos estudantes não correspondem aos planos de estudo ou às necessidades do mercado de trabalho. Foto: Rosa Pinto

Nos países da OCDE, um em cada cinco estudantes, e um em cada três do grupo dos de origens não favorecidas, esperam ter um emprego atraente – que exige pelo menos um curso superior – mas, ao mesmo tempo, não planeiam frequentar a universidade. A conclusão é do relatório da OCDE, “O Estado Global da Preparação Profissional de Adolescentes”.

O relatório destaca o gritante foço entre as expectativas de carreira dos adolescentes e o mercado de trabalho. O estudo, que envolveu 690.000 adolescentes em 81 países, e que utilizou dados da investigação PISA de 2022 da OCDE, também mostrou que a origem social dos estudantes desempenha um papel mais importante do que sua capacidade acadêmica na determinação de suas ambições educacionais.

De fato, em todos os países da OCDE, estudantes de baixo desempenho de origens socioeconómicas mais altas têm, em média, maior probabilidade de planear frequentar uma universidade do que estudantes de alto desempenho de origens socioeconómicas mais baixas.

O relatório também mostra que persiste uma disparidade de género entre estudantes que aspiram trabalhar em setores estrategicamente importantes com escassez de competências, como tecnologia da informação e saúde. Isto ocorre apesar das mudanças significativas no mercado de trabalho e nas necessidades da economia. Em 2022, em média, 11% dos rapazes nos países da OCDE relataram querer trabalhar no setor de tecnologia da informação aos 30 anos, em comparação com 1,5% das meninas.

As preferências de carreira dos estudantes estão cada vez mais focadas em um pequeno número de empregos onde a procura é, na verdade, muito menor. Nos países da OCDE, em média, 50% das meninas e 44% dos rapazes consideram um emprego entre os dez mais mencionados, com as preferências de carreira praticamente inalteradas desde 2000.

Os dados mostram que a orientação profissional e a existência de planos de carreira entre adolescentes estão fortemente correlacionadas com melhores resultados de emprego na idade adulta. O relatório aponta que, em média, muitos estudantes estão mal preparados para as etapas que os aguardam. Aos 15 anos, 39% dos estudantes não têm um plano de carreira claro, uma proporção duas vezes maior do que há uma década. Um em cada três estudantes também relata não ter aprendido nada na escola que fosse útil em um ambiente profissional.

“O foço entre as aspirações dos estudantes e os seus planos, aliado à escassez de competências em nossas economias, exige novas estratégias para apoiar uma melhor preparação para a vida profissional.

É preciso fazer mais para ajudar os jovens, especialmente aqueles de origens desfavorecidas, a aceder a uma necessária orientação profissional para compreender as opções disponíveis. Os empregadores também têm um papel fundamental a desempenhar para ajudar os jovens a compreender o potencial das oportunidades futuras que lhes são oferecidas”, afirmou o Secretário-Geral da OCDE, Mathias Cormann.

As conclusões do relatório mostram haver muito a fazer para ajudar os estudantes a conhecer a ampla gama de empregos e oportunidades disponíveis. Nos países da OCDE, aos 15 anos, menos da metade dos estudantes já teve contato com empregadores, seja por participar numa feira de empregos, por visitar um local de trabalho ou pela realização de um estágio. Mas os estudantes das origens sociais mais desfavorecidas são os menos propensos a participar dessas iniciativas.