Universidades europeias debatem digitalização

Responsáveis universitários debateram, na conferência anual da Associação Europeia de Universidades (EUA, da sigla inglesa), os diversos impactos das tecnologias digitais no ensino, na aprendizagem e na investigação, nas Universidades, e concluíram que a digitalização deve ser promovida ao nível institucional, nacional e europeu.

Tecnologias de Informação
Tecnologias de Informação. Foto: DR

Presidente da Irlanda, Michael Higgins, que interveio na conferência, enfatizou o papel crucial da educação e, especialmente do ensino superior, no desenvolvimento das sociedades, em particular durante a atual crise política e intelectual que prevalece na Europa. “É através do encorajamento criativo e livre pensamento, um estatuto que as universidades já adquiriram no passado, e corretamente se afirmam hoje como as únicas instituições que aceitam a responsabilidade de capacitar os cidadãos a participar plena e eficazmente a todos os níveis da sociedade”.

Para David Puttnam, ex-chanceler da Open University, do Reino Unido, a mudança nas universidades, motivada pelas tecnologias digitais, “está a ter lugar a partir de baixo para cima – através de novas abordagens promovidas por alunos e professores – e não de cima para baixo”.

Outra das questões colocadas por David Puttnam foi sobre o que deve ser digitalizado no processo educacional, e como utilizar a digitalização para melhorar o ensino e os resultados educacionais.

As universidades têm adotado nos últimos anos um modelo de aprendizagem mista, e muitas oferecem cursos online. Um modelo que, como afirmaram os responsáveis universitários, teve como principal motivação a necessidade de abordar diversos grupos de estudantes, bem como explorar oportunidades para aumentar a qualidade do ensino e da aprendizagem, através de melhores abordagens pedagógicas.

Melhorar as capacidades práticas nas pós-graduações, na era digital, é uma necessidade óbvia, nesse sentido, os universitários sublinharam a importância de promover a adaptabilidade e a capacidade de aceitar a mudança, num mundo onde os estudantes vão mudar de emprego várias vezes ao longo das suas carreiras.

Mas uma das conclusões da conferência foi a confirmação do grande impacto da digitalização sobre o processo de investigação, bem como a importância dos debates, em curso, sobre ciência aberta/Ciência 2.0, incluindo aspetos ligados à gestão de grandes volumes de dados e os requisitos referentes ao armazenamento.

Outra das conclusões, a que chegaram os responsáveis universitários, é a necessidade de uma maior colaboração e partilha interinstitucional. As algumas instituições já criaram repositórios para resultados de investigação e materiais de ensino e aprendizagem, no entanto, verificaram que ainda há muito para ser feito.

Os académicos consideraram que as iniciativas nacionais e de nível europeu podem ajudar a reforçar a digitalização, mas apontaram alguns dos obstáculos que existem atualmente em diferentes sistemas nacionais, como seja, uma legislação antiquada de direitos de autor.