Antibiótico comum acelera recuperação de pacientes com tuberculose

Estudo mostra que uso do antibiótico, a doxiciclina, combinado com o tratamento padrão contra a tuberculose, reduz o tamanho da cavidade pulmonar e aumenta outros marcadores de recuperação, diminuindo o efeito a longo prazo da tuberculose.

Antibiótico comum acelera recuperação de pacientes com tuberculose
Antibiótico comum acelera recuperação de pacientes com tuberculose. Foto: © Rosa Pinto

No mundo, cerca de 10 milhões de pessoas desenvolvem Tuberculose (TB) por ano e a doença continua a ser a principal causa de morte por um único agente infecioso. O tratamento padrão de curta duração contra a TB continua a exigir um regime de medicamentos antimicrobianos durante pelo menos seis meses, e a TB resistente aos medicamentos continua a ser uma ameaça crescente à saúde pública.

Para além das questões ligadas ao tratamento e mesmo depois dos vestígios da tuberculose serem eliminados, os pacientes geralmente sofrem de sequelas significativas, como cicatrizes pulmonares, e os sobreviventes da tuberculose apresentam uma taxa mortalidade que é cerca de três a quatro vezes maior do que a população em geral.

Na tuberculose pulmonar, que é a forma mais comum de tuberculose ativa, a bactéria Mycobacterium tuberculosis leva à formação de locais de alta carga bacteriana, conhecidos como cavidades. Os medicamentos para a tuberculose penetram mal nessas cavidades.

Depois do tratamento da TB ser dado como concluído, verificam-se muitas vezes danos nos tecidos pulmonares que podem levar a outros problemas pulmonares, como a disfunção respiratória permanente que leva por sua vez a dificuldade em respirar, rigidez nos pulmões e bronquiectasia, o que pode fazer as pessoas tossirem sangue.

Investigadores do Programa de Pesquisa Translacional de Doenças Infeciosas da Escola de Medicina NUS Yong Loo Lin, na Universidade Nacional de Singapura, descobriram que o uso de um antibiótico comum, a doxiciclina, em combinação com o tratamento usado no tratamento da tuberculose, reduz o tamanho das cavidades pulmonares e acelera os marcadores de recuperação pulmonar.

Num estudo duplo-cego de Fase 2 conduzido no Hospital Universitário Nacional e na Unidade de Controlo de TB, de Singapura, o tratamento foi considerado seguro, com efeitos colaterais semelhantes aos de pacientes que receberam um placebo. O uso da doxiciclina mostra-se potencialmente eficaz para prevenir complicações de longo prazo. Atualmente os investigadores pretendem avançar para a Fase 3 do estudo e para isso procuram meios financeiros. Os resultados do estudo foram publicados na revista “Clinical Investigation”.

“Pacientes com tuberculose pulmonar tendem a sofrer danos pulmonares após a tuberculose, o que está associado à mortalidade e pior qualidade de vida. A doxiciclina é um antibiótico barato e amplamente disponível que pode diminuir os danos pulmonares e, potencialmente, melhorar a qualidade de vida desses pacientes”, referiu Catherine Ong, investigadora principal do estudo, Universidade Nacional de Singapura.

Paul Tambyah, investigador também envolvido no estudo referiu: “Embora tenhamos conseguido tratar com sucesso a maioria dos casos de TB nas últimas décadas, vimos muitas pessoas a sofrer das complicações de dano pulmonar causado pela infeção original de TB. Se a doxiciclina, puder ajudar a prevenir as complicações a TB a longo prazo então ajudará muitos pacientes em Singapura e em todo o mundo”.