Bioplásticos não são mais seguros que os plásticos convencionais

Bioplásticos são tão tóxicos como os plásticos convencionais! Estudo de investigação mostra que podem conter mais de 1.000 produtos químicos diferentes e que as consequências para o meio ambiente e para a saúde das pessoas ainda não são conhecidas.

Bioplásticos não são mais seguros que os plásticos convencionais
Bioplásticos não são mais seguros que os plásticos convencionais. Foto: © Rosa Pinto

O plástico convencional é feito de petróleo, e a produção desse plástico não é sustentável e pode conter substâncias que são perigosas quando ingeridas.

Nos últimos anos, surgiram no mercado os bioplásticos como alternativa ao plástico convencional. O bioplástico possui algumas vantagens aparentes em comparação com o plástico convencional, geralmente é feito de material reciclado ou celulose vegetal e pode ser biodegradável. Mas também possui toxidade.

Estudo de investigação mostrou que os bioplásticos são, na verdade, tão tóxicos como os plásticos convencionais. Os resultados do estudo já foram publicados no “Environment International”.

“Plásticos de base biológica e biodegradável não são mais seguros do que outros plásticos”, referiu Lisa Zimmermann, da Goethe Universität, em Frankfurt, e principal autora do artigo. A investigadora destacou que os produtos à base de celulose e amido continham a maioria dos produtos químicos dos plásticos convencionais e que desencadearam reações mais tóxicas em condições de laboratório.

“Três em cada quatro produtos plásticos contêm substâncias que são perigosas, em condições de laboratório, tal como o plástico convencional”, referiu Martin Wagner, do Departamento de Biologia da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, e colaborador do PlastX, um grupo de investigação do Institut für sozial-ökologische Forschung (ISOE), em Frankfurt.

Os investigadores do PlastX examinaram as substâncias tóxicas dos bioplásticos e plásticos feitos de materiais vegetais. As substâncias podem ser diretamente tóxicas para as células, em laboratório, ou podem agir como hormônios que, por sua vez, podem perturbar o equilíbrio do corpo.

O estudo incluiu 43 produtos plásticos diferentes, como talheres descartáveis, papel para embalagem de chocolate, garrafas de bebida e rolhas de vinho. Martin Wagner indicou que “80% dos produtos continham mais de 1.000 produtos químicos diferentes. Alguns deles chegavam a 20 000 produtos químicos”.

Mesmo produtos aparentemente semelhantes têm sua própria composição química especial. Um saco plástico feito de biopolietileno pode conter substâncias completamente diferentes de uma rolha de vinho feita do mesmo material, pelo que “fazer declarações gerais sobre certos materiais torna-se quase impossível”, referiu o investigador.

As consequências dos bioplásticos para o meio ambiente e para a saúde das pessoas ainda não são conhecidas, mas os investigadores indicam que não se sabe até que ponto as substâncias do plástico são transferíveis para os humanos.

Os investigadores indicam que também não são conhecidas se as alternativas aos bioplásticos e aos plásticos convencionais são melhores para as pessoas e para o meio ambiente, uma vez que existem vários fatores entram em jogo. As alternativas podem envolver métodos de produção poluentes e oportunidades limitadas de reciclagem, ou a produção de alimentos pode ter de dar lugar à produção de materiais para os produtos alternativos.