Cancro: Descoberta função de sequência de RNA implicada na divisão das células

Identificada a função de um RNA não-codificante no Homem. Uma descoberta de investigadores portugueses liderados por Raquel Chaves, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que pode ser mais um passo na luta contra o cancro.

Cancro: Descoberta função de sequência de RNA implicada na divisão das células
Cancro: Descoberta função de sequência de RNA implicada na divisão das células. Na imagem: Grupo de Citogenómica e Genómica Animal da UTAD (BioISI/UTAD) - da esquerda para a direita: Filomena Adega, Ana Escudeiro, Daniela Ferreira e Raquel Chaves. Foto: DR

Uma equipa de investigadores desvendou a função de uma sequência de RNA (ácido ribonucleico) não-codificante, cuja função é fundamental para a divisão da célula. O estudo com o objetivo de descobrir a função do RNA não-codificante FA-SAT em células humanas e de gato foi liderado pela Investigadora Raquel Chaves da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Este estudo demonstrou que o RNA não-codificante FA-SAT “interage com a proteína PKM2 (Piruvato Cinase M2), que desempenha diferentes funções, nomeadamente na multiplicação celular e cuja desregulação está associada ao cancro”, referiu Daniela Ferreira, do grupo de investigadores de Citogenómica e Genómica Animal (CAG) do Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI), citada em comunicado.

Tendo em conta que a interrupção do complexo FA-SAT/PKM2 provoca a morte celular, a importância desta descoberta torna-se ainda mais relevante quando se entende que a “morte celular programada perspetiva um avanço molecular para a terapia dirigida no cancro”, esclareceu a investigadora.

Os investigadores descobriram não só que o FA-SAT (originalmente identificado no gato) estava “presente e conservado no Homem, no rato e até na mosca da fruta”, mas também, indicou Raquel Chaves, que “esta sequência, nestas espécies, era expressa num RNA não-codificante”.

Os resultados do estudo, que teve também a colaboração do grupo do Centro de Neurociências, da Universidade de Coimbra, liderado pelo investigador Bruno Manadas, foram já publicados na revista cientifica “Cellular and Molecular Life Sciences”.