Cannabis ligada a sintomas bipolares em jovens

Consumo de cannabis na adolescência é um fator de risco, independente de futura hipomania, que está ligado em parte a transtorno bipolar, revela investigação da University of Warwick.

Universidade de Warwick
Universidade de Warwick. Foto: DR

Investigadores da Warwick Medical School, da Universidade de Warwick, investigaram a associação entre o consumo de cannabis na adolescência e a hipomania, ou seja, períodos de humor exaltado, comportamento excessivo e excitado, e redução de tempo de sono.

A investigação dirigida por Steven Marwaha analisou os dados do estudo longitudinal Avon de pais e crianças, no Reino Unido, e descobriu que a cannabis consumida pelo menos 2 a 3 vezes por semana na adolescência está diretamente associada a sintomas da hipomania nos anos seguintes.

O estudo da Universidade de Warwick é o primeiro a testar a associação prospetiva entre o consumo de cannabis na adolescência e a hipomania no início da idade adulta. A cannabis pode controlar outros fatores importantes que podem explicar a conexão, como por exemplo, sintomas psicóticos.

Os investigadores também verificaram uma ligação entre o uso de cannabis na associação a abuso sexual infantil e hipomania, e género masculino e hipomania.

As descobertas sugerem que o uso frequente de cannabis na adolescência é provavelmente um alvo adequado para intervenções que levem aliviar o risco de jovens que desenvolvem transtorno bipolar.

Steven Marwaha referiu que “o uso de cannabis em jovens é comum e está associado a distúrbios psiquiátricos. Contudo, a ligação prospetiva entre o consumo de cannabis e os sintomas do transtorno bipolar tinha sido pouco investigada.”

O investigador reforçou que “o consumo de cannabis na adolescência pode ser um fator de risco independente de futura hipomania, e a natureza da associação sugere um potencial vínculo causal. Como tal, pode ser um alvo útil para a prevenção da hipomania”.

O cannabis é uma das substâncias ilegais mais utilizadas nos países ocidentais. O uso na população em geral é problemático, sendo de 9,5% nos Estados Unidos, e de 2,6% no Reino Unido, no último ano.