Ciência dos esteroides nos Jogos Olímpicos

Notícias sobre escândalos de dopagem entre atletas olímpicos levaram a penalizações severas e a um olhar mais atento aos testes de esteroides. Uma vasta equipa de especialistas em antidopagem está atenta nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Ciência dos esteroides nos Jogos Olímpicos
Ciência dos esteroides nos Jogos Olímpicos. Foto: © The American Chemical Society

A química desempenha um grande papel de ambos os lados da competição desportiva. De um lado, cientistas e técnicos tentam que as competições sejam justas, do outro lado, uma química ‘subterrânea’ cria novas drogas para enganar a justeza das competições.

Num momento em que decorrem os Jogos Olímpicos a ciência dos esteroides assume um papel determinante. A Sociedade Americana de Química (ACS, da designação em inglês) produziu o vídeo que ilustra a importância de um controlo atento contra o uso indevido de drogas e o impacto destas nos atletas.

A ACS indica que são vários os nomes dados às drogas ilícitas que prometem melhorar o desempenho dos atletas. Os esteroides fazem parte da guerra que está a ser travada nos jogos olímpicos e em outros eventos desportivos. Por um lado os atletas tentam tirar vantagens com recurso às drogas, e do outro lado, especialistas em química fazem tudo para os apanhar no jogo injusto.

A designação esteroide aplica-se a uma centena de moléculas que partilham uma estrutura semelhante, refere a ACS. O colesterol é um esteroide, assim como os estrogénios e a testosterona. Os esteroides usados pelos desportistas dopados são os esteroides anabolizantes androgénicos, que aumentam a massa muscular e dão traços mais masculinos.

Mas todos os esteroides possuem como resultado levar o corpo a produzir mais rapidamente massa muscular e a melhorar o desempenho atlético.

A ACS esclarece que quando os esteroides entram nas células dos músculos, desencadeiam a maquinaria biológica que faz crescer os músculos e fortalecer o tecido muscular. Mas também podem levar a uma maior oxigenação dos órgãos musculares, fazendo com que os atletas recuperem mais rápido dos treinos intensos, por diminuição dos danos musculares.

Os esteroides anabolizantes androgénicos têm uso médico legítimo para tratamento de deficiências hormonais, distúrbios de crescimento, doenças como o cancro e a SIDA, lembra a ACS.

A pressão a que os atletas estão sujeitos para obter os melhores resultados numa competição são permanentes, mas também sabem que o uso de drogas lhes é inconveniente pois, quando detetado, leva-os a serem desqualificados no desporto, para além de correrem riscos sérios para a saúde por consumirem essas substancias.

Danos no fígado e nos rins são efeitos colaterais potencialmente graves, bem como o aumento da pressão arterial e consequentes riscos para o coração. Estes são alguns dos problemas que o atleta fica sujeito pela dopagem.

Os esteroides podem prejudicar o crescimento dos adolescentes e ter efeitos psicológicos. Os dopados podem sofrer de depressão, atitudes agressivas, paranóia e hostilidade.

Nas grandes competições como os Jogos Olímpicos Rio 2016, especialistas antidopagens, de que fazem parte técnicos especializados e cientistas em química, recolhem amostras dos atletas, normalmente urina, antes e durante as competições.

Os especialistas usam equipamentos que separam as moléculas para verificar o que se encontra na urina de cada um dos atletas, através das massas das moléculas. Comparando as massas moleculares, os cientistas verificam facilmente se houve ou pode haver ‘batota’ na competição.

Na maior parte dos casos os cientistas procuram moléculas esteroides, mas eles sabem que o corpo as muda quimicamente antes de poderem sair na urina, por isso o processo leva a verificar a existência de testosterona que é produzida pelo corpo.

Os esteroides produzidos em laboratório não são iguais aos do nosso corpo. A proporção dos dois átomos de carbono, o carbono-12 e carbono-13, possui cada um, uma ligeira diferença.

Se os cientistas verificarem que alguma coisa indica que o atleta foi injetado com testosterona sintética, os cientistas vão comparar os níveis de carbono do esteroide com o de uma molécula natural presente no corpo do atleta, como o colesterol. Se as taxas de carbono não corresponderem os cientistas concluem que a testosterona é artificial.

Esteroides anabolizantes androgénicos são apenas uma das componentes das drogas procuradas, como também são o hormónio do crescimento humano e a EPO ou dopagem sanguínea. Seja o que for que os dopados usem, os cientistas vão fazer tudo para os apanhar e para que os campos de jogo, as pistas e as piscinas estejam limpas de drogas, sendo que as principais vitimas são os próprios atletas.