Clone do vírus Zika pode levar a uma vacina

Investigadores do National Institute of Health clonaram o vírus Zika. O novo clone Ziky pode ser o modelo para criar uma vacina viva atenuada, para combater o vírus que leva a defeitos congénitos em recém-nascidos de mães infetadas.

Clone do vírus Zika pode levar a uma vacina
Clone do vírus Zika pode levar a uma vacina. Foto: James Gathany - PHIL, CDC

Para combater a propagação explosiva do vírus Zika vão ser necessários conhecimentos genéticos a partir de novas ferramentas e de novos modelos de estudo. Investigadores do National Institute of Health, dos Estados Unidos da América (EUA), clonaram recentemente uma estirpe do vírus da epidemia, criando um modelo que pode ajudar os biologistas a desenvolver e a testar estratégias para parar o vírus.

Em artigo publicado na revista cientifica ‘mBio’, da American Society Microbiology, os investigadores descrevem que o clone do vírus foi replicado com sucesso em várias linhas celulares, incluindo células da placenta e do cérebro. Estas células são particularmente vulneráveis aos danos causados pelo vírus Zika, levando os investigadores a referir que o clone pode vir a ser usado para desenvolver uma vacina viva atenuada.

Alexander Pletnev, biologista molecular no National Institute of Allergy and Infectious Diseases do National Institute of Health, em Bethesda, Maryland, refere que “o objetivo é criar uma imunidade de longo prazo, após uma curta imunização”.

O objetivo da equipa de investigadores, liderada por Alexander Pletnev, é criar uma vacina viva atenuada semelhante a outras vacinas já usadas por seres humanos contra outros vírus, como é o caso da poliomielite, febre-amarela e encefalite japonesa.

Os investigadores estão já a desenvolver estudos com o clone do vírus (Ziky) em ratinhos de laboratório, mas Alexander Pletnev convida outros investigadores a utilizarem o Ziky para fazerem investigação que possa parar a vírus Zika.

O vírus Zika, que pode levar a defeitos congénitos em recém-nascidos de mães infetadas, foi identificado pela primeira vez há 70 anos, no Uganda, mas durante décadas circulou apenas numa pequena área geográfica na África equatorial e na Ásia, e principalmente entre os primatas.

A atual epidemia teve início em 2015, no Brasil, e desde então espalhou-se por toda a América do Sul e América Central. Em fevereiro de 2016, a Organização Mundial de Saúde declarou a pandemia como uma emergência de saúde pública. Cinco meses mais tarde, os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA relataram o primeiro caso de infeção transmitida por mosquitos em residentes da Flórida, num bairro perto de Miami, nos EUA.

O vírus, que também pode ser transmitido por via sexual, tem um comportamento biológico imprevisível, o que torna a sua investigação difícil, indica Alexander Pletnev.

O Zika pertence ao grupo de vírus Flavivírus, que também inclui o vírus do Nilo Ocidental, do dengue e da febre-amarela. Estes vírus têm uma única cadeia de RNA, e são difíceis de manipular e de clonar. Com ferramentas de genética inversa, os biologistas podem estudar a cadeia simples de RNA usando DNA complementar (DNAc). Os Flavivírus, no entanto, são muitas vezes tóxicos para os seus hospedeiros bacterianos, mas os biologistas encontraram vários caminhos para contornar o problema.