Como controlar a saúde mental durante as férias

A saúde mental é uma preocupação cada vez mais presente. Neuropsicóloga clinica apresenta sete conselhos para enfrentar os desafios emocionais, sobretudo em período de férias onde stress, ansiedade e tristeza podem surgir com maior facilidade.

Como controlar a saúde mental durante as férias
Como controlar a saúde mental durante as férias. Foto: Rosa Pinto

Os tempos de férias podem ser um momento de alegria e conexão com amigos e familiares, mas também podem trazer stress e tristeza. Angela Drake, neuropsicóloga clínica na UC Davis Health, California, EUA, dá conselhos práticos para enfrentar os desafios emocionais da das férias e para cuidar da saúde mental.

1.Gerir as expectativas de férias

O conselho mais comum dado pela neuropsicóloga aos pacientes é descobrir como gerir as expectativas. “Muitas vezes, o que estamos a experimentar é uma desconexão entre nossa situação real e o que pensamos que deveria ser”, referiu Angela Drake.

Durante as férias, a situação pode ser particularmente aguda. Se alguém cresceu numa família com muitos elementos, pode sentir uma sensação de perda quando presente numa pequena reunião de familiares. “A comparação é feita mentalmente entre os dois momentos, mesmo sem saber”, referiu Drake, que sugere o foco no momento presente.

2.Deixar de lado a fantasia

A neuropsicóloga clínica incentiva as pessoas a gerir as expectativas em relação às outras pessoas. “Todos nós podemos ter a fantasia de que todos vão se divertir muito, mas a realidade é que muitas vezes há tensões nas famílias”, disse Angela Drake, e acrescentou: “Provavelmente não será uma versão fantasiosa das férias.”

Para a especialista deve-se definir as expectativas reconhecendo que certos membros da família podem ser difíceis de reunir e com quem conviver. “Não pode controlar outras pessoas, mas pode ajustar suas expectativas e reações, o que pode ser fortalecedor.”

3.Verifique consigo mesmo

Uma maneira de gerir as reações é verificar regularmente com o próprio. “É uma forma de monitorar o estado emocional e ver como está. Pode pensar nisso como uma escala de stress, ansiedade ou humor. O próprio classifica o que está sentindo de um a dez”, disse Drake. “E quando está num certo nível – seja qual for a decisão – faz uma pausa.”

A especialista sugere que a pessoa faça o que gosta e ache relaxante. Incentiva os pacientes a ouvir música, fazer exercícios, respirar profundamente ou fazer qualquer atividade ou hobby de que gostem. A ideia é desenvolver a autoconsciência para que as pessoas possam dedicar-se ao autocuidado antes de atingir um ponto de rutura (ou ebulição) emocional.

4.Ter um plano

Além do auto monitoramento regular, Angela Drake sugere a existência de um plano específico que defina o que fazer no caso de se sentir com stress, triste ou ansioso durante as férias. Pode ser ligar para a um amigo, caminhar, ouvir música, ler ou assistir a um programa favorito de Televisão. A atividade é tão individual quanto o próprio. “Tudo isso está é caminho para o bem-estar”, disse Drake. “Trata-se de ser proativo e cuidar de si mesmo, em vez de tentar ignorar ou reprimir as emoções, o que normalmente só funciona durante um período de tempo.”

5.Respirar

A neuropsicóloga clínica usa uma técnica chamada respiração diafragmática para aliviar o stress e a ansiedade. Também é conhecida como respiração profunda ou respiração abdominal. “Pode fazer respiração profunda em qualquer lugar e não custa nada”, disse Drake. E observa que as pessoas costumam “ir, ir, ir” durante as férias e tentarão fazer tudo o que precisam fazer. “Mas isso deixa-os exaustos”, disse Drake. “A respiração profunda, mantendo o oxigénio nos pulmões, permite uma melhor troca de oxigénio. O oxigénio no sangue sobe. E assim que isso acontece, começa a relaxar.”

6.Compartilhar as lembranças felizes

Além do stress, as férias também podem ser um momento de luto, pois as pessoas estão cientes dos entes queridos que faleceram. “Não quer mergulhar na dor, mas não é útil simplesmente ignorá-la porque vai senti-la”, disse Drake. Uma estratégia recomendada é conhecida como terapia de reminiscência. “A ideia é reconhecer a perda e o luto, mas não insistir nas lembranças tristes. Apenas focar-se nas memórias felizes”, disse Drake. “Eu encorajo as pessoas a celebrar essa pessoa. Fale sobre eles, relembrar, contar histórias.”

7.Conectar-se com a comunidade

“A solidão tem efeitos negativos para a saúde. As férias podem amplificar a solidão, especialmente quando as pessoas não têm família ou vivem longe das suas famílias ou amigos”, disse Drake. Para as pessoas que não têm uma rede de amigos ou um grupo de apoio, o conselho é sair e encontrar um. A especialista observa que as pessoas encontram a comunidade por meio de muitos caminhos, incluindo igrejas, clubes, encontros, voluntariado, centros culturais, centros LGBTQ e muitos outros. “Encontrar uma comunidade é difícil hoje em dia, mas é muito importante. Conversar com as pessoas, interagir e sentir-se bem com o que está a fazer. E é bom para a pessoa”.