COVID-19: Controlo dos surtos e não o confinamento das sociedades

A imunidade de grupo sem ser pela vacinação não é opção na luta contra o coronavírus da COVID-19. O Diretor-Geral da OMS indica que atualmente as medidas a adotar passam pelo controlo dos surtos e não pelo confinamento das sociedades.

COVID-19: Controlo dos surtos e não o confinamento das sociedades
COVID-19: Controlo dos surtos e não o confinamento das sociedades

Observa-se um aumento do número de pessoas infetadas com COVID-19 em todo o mundo, especialmente na Europa e nas Américas, e nos últimos quatro dias foram os mais elevados, até agora, referiu o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao mesmo tempo muitos países verificam um aumento nas hospitalizações e na ocupação de camas de cuidados intensivos.

Imunidade de grupo

O Diretor-Geral indicou que “tem havido recentemente alguma discussão sobre o conceito de alcançar a chamada “imunidade de grupo”, permitindo que o vírus se espalhe”, mas “ a imunidade de grupo é um conceito usado para vacinação, no qual uma população pode ser protegida de um determinado vírus se um limite de vacinação for atingido”.

Assim, e como exemplo, “a imunidade coletiva contra o sarampo exige que cerca de 95% da população seja vacinada. Os 5% restantes serão protegidos pelo fato de que o sarampo não se espalhará entre os vacinados”, e no caso da “poliomielite, o limite é de cerca de 80%”.

Para o Diretor-Geral da OMS alguns países têm vindo a adotar estratégias erradas dado que “a imunidade coletiva é obtida protegendo as pessoas de um vírus, e não expondo-as ao mesmo”, e lembrou: “Nunca na história da saúde pública a imunidade coletiva foi usada como estratégia para responder a um surto, muito menos a uma pandemia. É cientificamente e eticamente problemático”.

Consequências a longo prazo da COVID-19

Diretor-Geral da OMS esclareceu:

“Primeiro, não sabemos o suficiente sobre a imunidade ao COVID-19. A maioria das pessoas infetadas com o vírus que causa o COVID-19 desenvolve uma resposta imunológica nas primeiras semanas, mas não sabemos quão forte ou duradoura é essa resposta imunológica, ou como ela difere em pessoas diferentes. Temos algumas pistas, mas não temos o quadro completo.

Também houve alguns exemplos de pessoas infetadas com COVID-19 e que foram infetadas uma segunda vez.

Em segundo lugar, a grande maioria das pessoas na maioria dos países permanece suscetível a esse vírus. Investigações de soroprevalência sugerem que, na maioria dos países, menos de 10% da população foi infetada com o vírus da COVID-19.

Deixar o vírus circular sem controlo significa, portanto, permitir infeções, sofrimento e morte desnecessários.

E embora as pessoas idosas e as que sofrem de outras doenças corram um maior risco de doenças graves e morte, elas não são as únicas em risco. Pessoas de todas as idades já morreram devido à COVID-19.

Em terceiro lugar, estamos apenas a começar a entender os impactos de longo prazo na saúde entre as pessoas com COVID-19. Encontrei-me com grupos de pacientes que sofrem com o que agora está sendo descrito como “Long COVID” para entender o seu sofrimento e necessidades para que se possa avançar na investigação e reabilitação”.

Medidas para combater a propagação

Deixar o vírus da COVID-19 circular livremente e encerrar as nossas sociedades não é uma opção. Dado que o vírus se transmite principalmente entre contactos próximos e causa surtos, estes que podem ser controlados pela implementação de medidas direcionadas, como:

Impedindo eventos amplificadores.
Protegendo os vulneráveis.
Capacitando, educando e envolvendo as comunidades.
Identificando, isolando, testando e cuidando dos casos, rastreando e colocando em quarentena os seus contactos.

Existem muitas ferramentas à nossa disposição entre as quais as recomendadas pela OMS, como: localização de casos, isolamento, testes, cuidado compassivo, rastreamento de contacto, quarentena, distanciamento físico, higiene das mãos, máscaras, etiqueta respiratória, ventilação e evitar multidões.