Estamos a chegar a Marte

Missão ExoMars 2016 está a entrar na fase crítica de colocar em Marte o módulo Schiaparelli que está dotado de diversos sensores para analisar o ambiente de Marte. A descida à superfície de Marte está prevista para as 17h de 16 de outubro.

Estamos a chegar a Marte
Estamos a chegar a Marte. Ilustração: © ESA/ATG medialab

Uma missão conjunta de europeus e russos, a ExoMars 2016, lançou um foguetão Proton de Baikonur, no Cazaquistão, no dia 14 março, com os módulos Orbiter e Schiaparelli em direção a Marte.

Depois de uma série de avarias críticas do motor, a nave espacial deixou a órbita da Terra para a sua jornada de sete meses e 500 milhões de quilómetros até Marte. A sonda consiste em dois módulos – o ‘Trace Gas Orbiter’ e o ‘Schiaparelli lander, destinados a demonstrar novas tecnologias para a entrada, descida e aterragem na superfície de Marte.

A sonda irá sair de orbita no dia 16 de outubro para três dias de acostagem numa descida de seis minutos para a superfície. Esta será a primeira tentativa para pousar durante a estação de poeira do planeta.

A sonda dirige-se para o Meridiani Planum – uma área que está atualmente a ser estudada pelo ‘rover Opportunity’ da NASA e pela sonda europeia Mars Express em orbita.

Schiaparelli será ativado algumas horas antes de chegar à atmosfera de Marte, quando estiver a viajar a cerca de 21.000 quilómetros por hora. A frente ‘Heatshield’ – coberta com 90 cerâmicas de isolamento – serão submetidas a temperaturas de até 1.500 graus Celsius.

A onze quilómetros acima da superfície, a velocidade da ‘Heatshield’ diminui para cerca de 1700 quilómetros por hora, momento em que é ativado o paraquedas com 12 metros de diâmetro, que se baseia na tecnologia utilizada pela sonda Huygens da ESA para o desembarque bem-sucedido em Titan.

Quatro minutos depois de entrar na atmosfera a velocidade de descida será de 320 quilómetros por hora. O Schiaparelli lançará a ‘Heatshield’ e ligará o radar para avaliar a sua posição acima da superfície.

Sequência descendente do Schiaparelli.
Sequência descendente do Schiaparelli. Ilustração: © ESA/ATG medialab

Cerca de um minuto depois, o paraquedas será descartado assim como a traseira da Heatshield, o módulo irá ativar os propulsores, abrandando a descida para menos de 7 quilómetros por hora.

Finalmente, a dois metros acima do solo, os motores irão desligar-se, e a sonda irá cair na superfície. O choque será amortecido por uma estrutura deformável incorporada no módulo. A confirmação do desembarque dar-se-á em duas horas.

Uma vez no solo, e porque é alimentada por baterias, a sonda tem apenas alguns dias – até ao regresso a 23 de outubro – para completar a missão científica.

A carga útil científica a bordo, chamada ‘DREAMS’, é composta por um conjunto de sensores para estudar o meio ambiente. Os sensores vão medir a velocidade e direção do vento, humidade, pressão e temperatura, bem como a transparência da atmosfera e campos elétricos atmosféricos.

Doze horas após a separação, o Gas Orbiter irá disparar o mecanismo de rastreamento para elevar a sua trajetória e colocá-la em órbita em torno de Marte – caso contrário irá colidir com a superfície. Esta operação crítica vai durar cerca de 134 minutos. A sonda pode então começar a sua própria missão científica para estudar a atmosfera marciana.