Gaza: 12 cadáveres de uma família recuperados dos escombros – relato de 2 de fevereiro

Um dos diretores da Sociedade do Crescente Vermelho Palestino morto a tiros na sua sede em Khan Younis. Menina e equipa de ambulância continuam desaparecidos. Cadáveres de 12 palestinianos de uma única família recuperados dos escombros da sua casa.

Gaza: 12 cadáveres de uma família recuperados dos escombros – relato de 2 de fevereiro
Gaza: 12 cadáveres de uma família recuperados dos escombros – relato de 2 de fevereiro. Foto: © OMS

No dia 2 de fevereiro a situação na Faixa de Gaza continua a piorar, com a continuação dos intensos bombardeamentos israelitas aéreos, terrestres e marítimos, que resultaram em mais vítimas civis, deslocação da população e destruição de infraestruturas civis. As operações terrestres e os combates entre as forças israelitas e os grupos armados palestinianos também se mantêm em grande parte do território, como vem relatando o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

Entre as tardes de 1 e 2 de fevereiro terão sido mortos 112 palestinianos e 148 terão sido feridos. Os dados são do Ministério da Saúde de Gaza, que assim, eleva para pelo menos 27.131 palestinianos mortos na Faixa de Gaza, entre 7 de outubro de 2023 e 13h30 de 2 de fevereiro de 2024, e para pelo menos 66.287 palestinianos feridos, no mesmo período.

Entre 1 e 2 de fevereiro, não houve relatos de soldados israelitas mortos em Gaza. Assim, mantém-se que até 2 de fevereiro, terão sido mortos 222 soldados israelitas e terão ficado feridos 1.296 soldados, desde o início da operação terrestre, de acordo com os militares israelenses.

Cerca de 75% da população de Gaza, de 2,3 milhões de palestinianos, dos quais mais de metade são crianças, estão deslocados, de acordo com estimativas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês). Uma população que enfrenta uma escassez aguda de alimentos, água, abrigo e medicamentos. Os intensos combates em torno de Khan Younis continuam a levar milhares de palestinianos para a cidade de Rafah, no sul, que já acolhe mais de metade da população de Gaza.

A maioria dos deslocados vive em estruturas improvisadas, tendas ou ao ar livre. Expressando profunda preocupação com as perspetivas enfrentadas pelos deslocados internos em Rafah, o porta-voz do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Jens Laerke, declarou: “Rafah é agora uma panela de pressão de desespero e tememos pelo que acontecerá a seguir”.

A UNICEF estima que quase todos os 1,2 milhões de crianças de Gaza necessitam de apoio psicológico, que que “pelo menos 17.000 crianças, em Gaza, estão desacompanhadas ou separadas” dos seus pais e “devido à enorme falta de comida, água e abrigo, famílias alargadas estão angustiadas e enfrentam desafios para cuidar imediatamente de outra criança como de eles próprios e que lutam para cuidar de seus próprios filhos e familiares.”

Em 2 de fevereiro, a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS, sigla em inglês) informou que o Diretor do Departamento de Juventude e Voluntários da PRCS foi morto a tiros na sua sede em Khan Younis. No mesmo dia, a PRCS informou que o destino de dois membros da equipa de ambulância que tinha sido enviada no dia 29 de janeiro para resgatar uma menina de seis anos na cidade de Gaza permanecia desconhecido.

No dia 2 de fevereiro continuaram os intensos combates perto dos hospitais Nasser e Al Amal, em Khan Younis, colocando em risco a segurança do pessoal médico, dos feridos e dos doentes, bem como de milhares de deslocados internos que procuram refúgio nos hospitais.

Hostilidades e vítimas na Faixa de Gaza

Equipas médicas de emergência e de Defesa Civil continuam a recuperar corpos sob os escombros em toda a Faixa de Gaza. Em 1 de fevereiro, equipa da República Popular da China recuperou seis cadáveres palestinianos na zona norte de Al Bureij, em Deir al Balah, e transferiu-os para o hospital de Al Aqsa, também em Deir al Balah; não houve relatos sobre a data ou local do assassinato dos seis palestinos.

No dia 2 de fevereiro, 12 cadáveres palestinianos pertencentes a uma única família alargada foram alegadamente recuperados dos escombros da sua casa, que tinha sido atingida semanas atrás, na rua As Sikka, no centro de Khan Younis.

Entre os incidentes mortais que foram relatados entre 31 de janeiro e 2 de fevereiro, estão os seguintes:

No dia 31 de janeiro, por volta das 15h10, vários palestinianos terão sido mortos e outros ficaram feridos, quando um edifício residencial na cidade de Jabalya, no leste, foi atingido.

No dia 31 de janeiro, por volta das 17h00, três palestinianos terão sido mortos, quando um grupo em An Nuseirat, na província de Deir al Balah, terá sido alvejado num ataque de drone.

Em 31 de janeiro, por volta das 12h30, cinco palestinianos terão sido mortos, quando um grupo de pessoas foi atingido na cidade ocidental de Khan Younis.

No dia 31 de janeiro, por volta das 15h50, quatro palestinianos, incluindo uma criança, terão sido mortos e outros ficaram feridos, quando um carro e uma carroça foram atingidos numa área entre Khan Younis e Rafah.

No dia 31 de janeiro, por volta das 18h55, quatro palestinianos, incluindo uma mulher e o seu filho e filha, terão sido mortos quando um edifício residencial a oeste da passagem de Rafah foi atingido.

No dia 1 de fevereiro, por volta das 18h15, pelo menos quatro palestinianos foram mortos e vários outros ficaram feridos quando uma casa no bairro de An Nasser, no leste de Rafah, teria sido atingida.

Deslocação da população na Faixa de Gaza

Em 31 de janeiro, seis deslocados internos ficaram feridos numa escola em Khan Younis, onde estavam abrigados. Em 31 de janeiro, ocorreram dois incidentes em que deslocados internos abrigados no Centro de Formação de Gaza e no escritório da UNRWA, na cidade de Gaza, foram mortos em consequência de disparos de drones.

No total, até 31 de janeiro, a UNRWA informou que pelo menos 278 incidentes afetaram as suas instalações que abrigam famílias deslocadas. Como resultado, pelo menos 376 deslocados internos que se refugiaram em abrigos da UNRWA foram mortos e 1.365 ficaram feridos desde 7 de outubro de 2023.