Gaza: Escolas usadas como centros militares, de detenção e interrogatório

Relatos, vídeos e fotos mostram que as escolas na Faixa de Gaza estão a ser utilizadas para operações militares israelitas, incluindo utilização como centros de detenção e interrogatório. Número de palestinianos mortos sobe para 27.478.

Gaza: Escolas usadas como centros militares, de detenção e interrogatório
Gaza: Escolas usadas como centros militares, de detenção e interrogatório. Foto: © OMS

Não houve alterações nas hostilidades na Faixa de Gaza continuando-se a registar intensos bombardeamentos israelitas aéreos, terrestres e marítimos por praticamente todo o território, e os resultados também continuam a ser mais vítimas civis, população deslocada e a destruição das infraestruturas civis. Com a mesma prevalência decorrem as operações terrestres e os combates entre as forças israelitas e os grupos armados palestinianos, como relata o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

Entre as tardes de 4 e 5 de fevereiro, terão sido mortos 113 palestinianos e terão sido feridos pelo menos 205, divulgou o Ministério da Saúde de Gaza. Entre 7 de outubro de 2023 e as 16h00 de 5 de fevereiro de 2024, de acordo com a mesma fonte, pelo menos 27.478 palestinianos foram mortos em Gaza e 66.835 palestinianos ficaram feridos.

Nos dias 4 e 5 de fevereiro, não houve relatos de soldados israelitas mortos em Gaza. Dados dos militares israelitas indicam que até 5 de fevereiro, terão sido mortos em Gaza 223 soldados israelitas e 1.300 soldados terão ficado feridos, desde o início da operação terrestre.

Desde 5 de fevereiro, o afluxo de milhares de pessoas deslocadas internamente para Rafah continua a ser relatado, nomeadamente devido aos intensos combates em Khan Younis, combinado com relatos de um aumento nos ataques em Rafah, em 4 e 5 de fevereiro. Além da insegurança, os deslocados internos enfrentam escassez aguda de alimentos, água, abrigo e medicamentos.

Em 5 de fevereiro, os militares israelitas anunciaram novamente ordens de evacuação para as áreas que já tinham sido objeto de ordens de evacuação em 23 e 29 de Janeiro para residentes de áreas específicas nas províncias de Khan Younis e Gaza, respetivamente.

No dia 5 de fevereiro, um comboio de camiões que esperava para se deslocar para o norte de Gaza foi atingido por tiros, no entanto não há relato de vítimas, informou o Vice-Coordenador Humanitário.

No dia 4 de fevereiro, um grupo de pessoas que esperava por camiões de ajuda humanitária perto da rotunda Al Kuwaiti, no sul da cidade de Gaza, terá sido alvejado. Esta é a quinta vez que são relatados disparos contra pessoas que se reuniam para obter ajuda humanitária. Em janeiro, apenas se realizaram 56% das missões de ajuda humanitária planeadas para o norte de Gaza e 25% das missões planeadas para a área central não vieram a ter autorização das autoridades israelitas.

Em 5 de fevereiro, a Sociedade do Crescente Vermelho Palestiniano (PRCS, sigla em inglês) informou que o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) os havia informado da aprovação pelas autoridades israelenses de uma passagem segura para permitir que os deslocados internos que procuraram refúgio no hospital Al Amal e na sede do PRCS em Khan Younis chegassem à área de Al Mawasi, também em Khan Younis.

No mesmo dia, a PRCS informou que centenas de famílias deslocadas começaram a partir “no meio de uma atmosfera de terror e pânico devido aos tiroteios contínuos”. O PRCS também informou que os militares israelenses convocaram três altos funcionários do PRCS, incluindo o Diretor do Hospital Al Amal, para interrogatório.

Em 5 de fevereiro, o destino de dois funcionários do PRCS e da menina de seis anos envolvidos numa missão de resgate, há uma semana, permanecia desconhecido.

No dia 5 de fevereiro, vários deslocados internos que se refugiavam numa escola em Khan Younis terão sido feridos por tiros. Além disso, em dois incidentes distintos entre 1 e 3 de fevereiro, a UNRWA informou que dois deslocados internos que estavam abrigados numa escola em Khan Younis foram mortos e muitos outros sofreram ferimentos em resultado de tiros e bombardeamentos.

Os parceiros do Cluster da Educação indicam estar preocupados com relatos, vídeos e imagens que mostram que as escolas estão a ser utilizadas para operações militares, incluindo a sua utilização como centros de detenção e interrogatório ou como bases militares, por parte dos militares israelitas.

Hostilidades e vítimas na Faixa de Gaza

Alguns dos incidentes mortais relatados, entre as tardes de 4 e 5 de fevereiro, em Deir Al Balah:

No dia 5 de fevereiro, por volta das 11h30, 7 palestinianos terão sido mortos e vários outros feridos, quando uma casa na área de Az Zawayda, em Deir Al Balah, foi atingida.

No dia 4 de fevereiro, por volta das 13h45, 14 palestinianos terão sido mortos e outros 70 ficaram feridos, incluindo crianças, quando dois edifícios residenciais em Deir al Balah foram atingidos.

No dia 4 de fevereiro, por volta das 19h30, 14 palestinianos terão sido mortos e vários outros feridos, quando um edifício residencial em Deir al Balah foi atingido.

Deslocação da população na Faixa de Gaza

Os intensos combates em torno de Khan Younis continuam a levar milhares de pessoas para a cidade de Rafah, no sul do país. A maioria vive em estruturas improvisadas, tendas ou ao ar livre, indicou a UNRWA.

Energia elétrica na Faixa de Gaza

Desde 11 de outubro de 2023, a Faixa de Gaza está sem eletricidade, depois das autoridades israelitas terem cortado o fornecimento de eletricidade e as reservas de combustível para a única central elétrica de Gaza terem sido esgotadas.