Gaza: Hospital Al-Amal cercado há 17 dias por forças israelitas

Hospital Al-Amal que está sob cerco há 17 dias. No Hospital Nasser permanecem 300 profissionais de saúde, 450 feridos e 10 mil pessoas deslocadas expostos a uma catástrofe. Militares israelitas impedem chegada de feridos ao Hospital.

Gaza: Hospital Al-Amal cercado há 17 dias por forças israelitas
Gaza: Hospital Al-Amal cercado há 17 dias por forças israelitas. Foto: © OMS

Não tem havido nenhuma trégua, mantendo-se os intensos bombardeamentos israelitas e os combates entre as forças israelitas e os grupos armados palestinianos na maior parte da Faixa de Gaza, em resultado são relatadas mais vítimas civis, deslocação da população e mais destruição de infraestruturas civis, como descreve o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, perante a Assembleia Geral, em 7 de fevereiro, alertou que a expansão das hostilidades a Rafah, como declarou o primeiro-ministro de Israel, onde centenas de milhares de palestinianos têm vindo a ser forçados a procurar refúgio, “aumentaria exponencialmente o que já é um pesadelo humanitário com consequências regionais incalculáveis”.

Entre as tardes de 7 e 8 de fevereiro, mais 130 palestinianos terão sido mortos e mais 170 palestinianos terão ficado feridos, como foi relatado pelo Ministério da Saúde de Gaza. Assim, o número total de palestinianos mortos entre 7 de outubro de 2023 e as 12h00 de 8 de fevereiro de 2024 sobe para pelo menos 27.840, e para pelo menos 67.317 os palestinianos feridos.

Por outro lado entre as noites de 7 e 8 de fevereiro, não foi relatado nenhuma vítima entre as forças israelitas em operações em Gaza. Até 8 de fevereiro, 225 soldados terão sido mortos e 1.314 soldados terão ficado feridos em Gaza desde o início da operação terrestre, indicam os dados indicados pelos militares israelitas.

O risco de fome em Gaza está a aumentar, dia após dia, especialmente para centenas de milhares de pessoas no norte de Gaza que foram predominantemente privadas de assistência e onde as avaliações de segurança alimentar mostram as maiores necessidades, com a população a recorrer a ração animal para fazer farinha.

Os contínuos bombardeamentos reduziram quase a zero os cuidados de saúde, com falta de abastecimentos e de pessoal médico, às restrições de acesso e à rápida deterioração das condições de saúde.

Em 8 de fevereiro, a Sociedade do Crescente Vermelho Palestiniano (PRCS, sigla em inglês) relatou o assassinato de um paramédico e o ferimento de duas pessoas durante uma missão humanitária, antes coordenada, para evacuar vários feridos e casos humanitários da cidade de Gaza.

Desde 7 de outubro, 12 funcionários e voluntários da PRCS foram mortos enquanto realizavam o seu trabalho humanitário, relatou a PRCS. Em janeiro, o acesso de missões para apoiar hospitais e instalações críticas que prestam serviços de água, higiene e saneamento às áreas a norte de Wadi Gaza não foram na sua grande maioria autorizadas pelas forças israelitas.

Em 7 de fevereiro, já não havia hospitais totalmente funcionais em Gaza, enquanto 36% dos hospitais estavam apenas parcialmente funcionais, divulgou a Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês) também referiu que apenas quatro das 22 instalações de saúde da Agência estavam operacionais devido aos bombardeamentos contínuos e às restrições de acesso.

Os intensos combates em Khan Younis, especialmente perto dos hospitais Nasser e Al Amal, continuam a pôr em risco a segurança do pessoal médico, dos feridos e dos doentes, bem como dos palestinianos deslocados, levando milhares de pessoas para Rafah.

Em 8 de fevereiro, a PRCS relatou a continuação de bombardeamentos e tiroteios nas proximidades do Hospital Al-Amal, que estaria sob cerco há 17 dias. Em 8 de fevereiro, o Ministério da Saúde em Gaza informou que 300 profissionais de saúde, 450 feridos e 10.000 pessoas deslocadas no Hospital Nasser estão expostos a uma catástrofe sanitária e humanitária quando há uma grave escassez de combustível, falta de medicamentos, e de todos os recursos para cirurgia e cuidados intensivos.

O Ministério da Saúde relatou que os militares israelitas impediram a circulação de ambulâncias, bem como a eliminação de resíduos médicos e não médicos e a chegada de feridos e doentes ao hospital Nasser. Também há relatos de tiroteios de franco-atiradores nas proximidades do Hospital Nasser.

Em 8 de fevereiro, uma enfermeira teria sido baleada e gravemente ferida enquanto estava dentro da sala de operações do hospital Nasser e dois palestinianos teriam sido baleados e mortos nas proximidades do hospital. No dia 7 de fevereiro, uma mulher palestiniana teria sido baleada e morta enquanto supostamente ia buscar água ao hospital Nasser.

Os deslocados internos em Gaza continuam a enfrentar condições humanitárias em rápida deterioração, devido não existirem abrigos, não haver combustível, nem água potável, nem alimentos e nem medicamentos.

Em 8 de fevereiro, o Conselho Norueguês para os Refugiados (CNR) alertou que uma maior deterioração das condições humanitárias em Rafah “seria catastrófica, uma vez que a doença e a fome já persistem entre a população deslocada”, e “poderia colapsar a resposta humanitária”.

As conclusões de uma avaliação do CNR de nove abrigos que acolhem 27.400 civis em Rafah mostram que “as pessoas não tinham água potável, chuveiros ou artigos de higiene pessoal”, e todos os locais avaliados tinham relatado casos de “hepatite A, gastroenterite, diarreia, varíola, piolhos, e gripe.”

Em 7 de fevereiro, o Coordenador Humanitário interino para o Território Palestiniano Ocupado, Jamie McGoldrick, enfatizou que é urgente a disponibilidade de combustível, geradores e peças sobressalentes para melhorar o acesso das pessoas à água potável, e indicou que a central de dessalinização do sul de Gaza só funciona a 14 ou 15% da capacidade.

Hostilidades e vítimas na Faixa de Gaza

Entre os incidentes mais mortais relatados em 7 e 8 de fevereiro, estão os seguintes:

No dia 7 de fevereiro, por volta das 13h00, pelo menos 13 palestinianos teriam sido mortos e outros feridos quando um camião de distribuição de água na rua Al Thalathini, na cidade de Gaza, foi atingido enquanto pessoas se reuniam para encher os seus barris de água.

No dia 7 de fevereiro, foram registadas múltiplas vítimas quando um grupo de pessoas foi atingido enquanto supostamente aguardava camiões de ajuda humanitária na rotunda Al Kuwaiti, a oeste da cidade de Gaza. Este é supostamente o sexto incidente envolvendo vítimas entre pessoas que aguardam ajuda humanitária na cidade de Gaza.

No dia 7 de fevereiro, por volta da meia-noite, um jornalista e o seu filho teriam sido mortos e dezenas de outros feridos, quando uma casa foi atingida em Deir al Balah.

No dia 8 de fevereiro, por volta da meia-noite, 14 palestinianos, incluindo cinco crianças, teriam sido mortos e dezenas de feridos quando duas casas na área de Tal As Sultan e no bairro de As Saudi, ambos a oeste de Rafah, foram atingidas.