Gaza: Organizações humanitárias sob ataque militar – relato de 4 de fevereiro

Instalações da Organização Humanidade e Inclusão sofrem ataque. Pessoal de socorro de emergência mortos e hospitais sob ataques. Destruição de infraestruturas civis causa dezenas de mortos e feridos, muitas vítimas continuam sob escombros.

Gaza: Organizações humanitárias sob ataque militar – relato de 4 de fevereiro
Gaza: Organizações humanitárias sob ataque militar – relato de 4 de fevereiro. Foto: © OMS

Entre os dias 3 e 4 de fevereiro continuaram os intensos bombardeamentos israelitas aéreos, terrestres e marítimos continuam sobre a parte da Faixa de Gaza, que resultaram em mais vítimas e deslocações de palestinianos civis e na destruição de infraestruturas civis. Também as operações terrestres e os combates entre as forças israelitas e os grupos armados palestinianos continuaram e a ser relatados em grande parte do território, como relata o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

Entre as tardes de 2 e 4 de fevereiro, mais 234 palestinianos terão sido foram mortos e mais 343 palestinianos terão ficado feridos, como indicou o Ministério da Saúde de Gaza. Estes números elevam para que, entre 7 de outubro de 2023 e as 13h30 de 4 de fevereiro de 2024, pelo menos 27.365 palestinianos terão sido mortos em Gaza e 66.630 palestinianos terão sido feridos.

Entre 2 e 4 de fevereiro, foi relatado que um soldado israelita terá sido morto em Gaza. Assim, de acordo com os militares israelitas, até 4 de fevereiro, 223 soldados terão sido mortos e 1.296 soldados terão ficado feridos em Gaza desde o início da operação terrestre.

No dia 2 de fevereiro, a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha (FICV) e do Crescente Vermelho manifestou o seu choque com o recente assassinato de três membros da Sociedade do Crescente Vermelho Palestiniano (PRCS, sigla em inglês) em Gaza. Um membro do pessoal e um voluntário foram mortos perto do portão do Hospital Al Amal, no dia 31 de Janeiro, e outro membro do pessoal foi morto no dia 2 de fevereiro, na sede da PRCS, no mesmo complexo do hospital Al-Amal.

As mortes ocorreram após vários dias de bombardeamentos e combates em torno do hospital, o que dificultou o acesso às instalações e criou pânico e angústia entre os pacientes e milhares de pessoas deslocadas. De acordo com a PRCS, três deslocados internos também foram mortos no complexo devido aos ataques de 2 de fevereiro.

A FICV reiterou que “ao abrigo do Direito Internacional Humanitário, os hospitais, as ambulâncias, os profissionais de saúde e os seus pacientes devem ser respeitados e protegidos em todas as situações”.

Desde 7 de outubro, a rede da FICV teve um total de 14 dos seus membros mortos, incluindo onze funcionários e voluntários do PRCS, mortos em Gaza, e três do Magen David Adom de Israel, mortos em Israel.

No dia 3 de fevereiro, o PRCS informou que o destino de dois membros do pessoal da ambulância que tinha sido enviada no dia 29 de Janeiro para resgatar uma menina de seis anos na cidade de Gaza permanecia desconhecido, assim como o paradeiro da criança que os trabalhadores do PRCS que foram enviados para resgatar, depois do veículo em que a criança seguia ter sido atingido, resultando na morte dos seus familiares.

Em 2 de fevereiro, a Organização Humanidade e Inclusão (HI) informou que o seu escritório localizado na cidade de Gaza foi destruído num ataque bombista em 31 de janeiro de 2024. Nenhum alerta ou aviso foi dado à Organização humanitária e nenhum pessoal estava presente na altura. As coordenadas do edifício tinham sido comunicadas ao sistema de notificação implementado pela ONU e às forças israelitas para evitar o ataque inadvertido a instalações humanitárias. O Diretor Regional da Organização HI no Médio Oriente expressou a sua profunda preocupação “com o padrão dos últimos meses de destruição de edifícios civis onde as ONG têm os seus escritórios, escolas ou casas de civis. É novamente a demonstração de que nenhum lugar em Gaza é seguro. Isto tem de acabar e um cessar-fogo imediato e duradouro é a única solução.”

Há relatos de destruição significativa de blocos residenciais em Gaza, particularmente em Khan Younis, pelas forças israelitas. No dia 2 de fevereiro, foi relatada a destruição de quarteirões residenciais no bairro de Al Sabra, na cidade de Gaza, e também em dois quarteirões no sul e no leste de Khan Younis. Em 3 de fevereiro, um bloco residencial teria sido destruído no centro de Khan Younis. Nenhuma vítima foi relatada nos incidentes.

Hostilidades e vítimas na Faixa de Gaza

Entre os incidentes mortais relatados entre 2 e 4 de fevereiro encontram-se os seguintes:

Em 2 de fevereiro, por volta das 14h, oito palestinos terão sido mortos, depois dos edifícios residenciais no oeste de Khan Younis terem sido alvejados.

No dia 2 de fevereiro, por volta das 14h20, quatro palestinos terão sido mortos em An Nemsawi, no sul de Khan Younis, depois de bombas de tanques terem sido disparadas contra um grupo de pessoas.

No dia 3 de fevereiro, por volta das 00h10, pelo menos 11 palestinianos terão sido mortos e 27 outros feridos, incluindo mulheres, crianças e idosos, depois de um edifício residencial perto do hospital An Najjar, no leste de Rafah, ter sido atingido.

No dia 3 de fevereiro, por volta das 13h15, quatro palestinianos terão sido mortos, depois de um edifício residencial no leste de Rafah ter sido atingido.

No dia 3 de fevereiro, por volta das 16h20, um edifício residencial em Bani Suheila, a leste de Khan Younis, foi atingido. Mais de 20 palestinos permanecem sob os escombros, pois as ambulâncias e as equipes de defesa civil não conseguem alcançá-los devido aos combates em curso.

No dia 3 de fevereiro, por volta das 16h45, cinco palestinianos, incluindo uma criança, terão sido mortos e outros 13 terão ficado feridos, depois de um edifício residencial no leste da cidade de Rafah ter sido atingido.

Deslocação da população na Faixa de Gaza

Cerca de 75 por cento da população de Gaza, de 2,3 milhões de pessoas, das quais mais de metade são crianças, estão deslocadas, de acordo com estimativas da UNRWA. Todos os palestinianos, na Faixa de Gaza, enfrentam uma escassez aguda de alimentos, água, abrigo e medicamentos. Os intensos combates em torno de Khan Younis continuam a levar milhares de pessoas para a cidade de Rafah, no sul, que já acolhe mais de metade da população de Gaza. A maioria vive em estruturas improvisadas, tendas ou ao ar livre.