Glaucoma e alimentação: a dieta e o impacto na doença

Uma dieta adequada tem impacto na diminuição do risco do glaucoma. Estudos mostram haver uma vantagem positiva para os pacientes com glaucoma, com o consumo de determinados alimentos.

Glaucoma e alimentação: a dieta e os impactos na doença
Glaucoma e alimentação: a dieta e os impactos na doença. Foto: © Rosa Pinto

Há vários programas de dieta e todos são defendidos como a melhor opção para uma vida saudável. A investigação tem mostrado que as escolhas erradas de estilo de vida, incluindo o recurso a dietas não saudáveis, contribuem para muitas doenças. Mas a investigação também tem mostrado que a adesão a uma boa nutrição pode até prevenir alguns problemas de saúde.

Os cientistas têm vindo a rastrear o impacto da dieta nas doenças ao longo da história e mostram que há estudos que sugerem que o diabetes, antes virtualmente desconhecido entre os maias da América Central, disparou após a mudança para uma dieta ocidental rica em açúcares. Os nómades siberianos que praticamente não apresentavam doenças cardíacas até depois da queda da União Soviética, os doentes aumentaram quando muitos siberianos se estabeleceram em cidades e começaram a comer alimentos do mercado. Hoje, cerca de metade dos Yakut que vivem nas aldeias estão com peso elevado e quase um terço tem hipertensão.

A Glaucoma Research Foundation indica que embora seguir uma dieta saudável não seja uma fórmula mágica e previna o glaucoma há benefícios em comer certos alimentos e evitar outros. É proposta uma reflexão entre alimentos e pessoas que vivem com glaucoma.

Frutas e vegetais e o impacto no glaucoma

Frutas e vegetais são boas fontes de vitaminas A, C e dos antioxidantes luteína e zeaxantina, compostos conhecidos por proteger contra o stress oxidativo associado a danos ao nervo ótico e outros tecidos do olho, no glaucoma.

Um estudo que envolveu 584 mulheres negras descobriu que as que consumiam três ou mais frutas ou porções de sumo de frutas por dia tinham 79% menos probabilidade de ter glaucoma do que aquelas que consumiam menos de uma porção.

Reforço de consumo de folhas verdes

As recomendações para comer vegetais com folhas são bem conhecidas como a chave para uma ótima saúde, mas uma dieta que inclui vegetais com folhas também pode fornecer benefícios adicionais para pacientes com glaucoma. A investigação mostra que as pessoas que comem mais vegetais com folhas verdes, como couve e espinafre, podem ter um risco 20 a 30% menor de desenvolver a doença. Ao mesmo tempo, o estudo não prova que as folhas verdes reduzem o risco de glaucoma; apenas uma associação entre os dois.

Comer vegetais também está relacionado a taxas mais baixas de inflamação, cancro, doenças cardíacas e até degeneração macular. Assim, os pacientes com glaucoma, não têm nada a perder e mas tudo a ganhar!

Vitaminas E

Nozes e sementes são excelentes fontes de vitamina E, que é vital porque a vitamina ajuda a manter as células saudáveis ​​e protege-as dos danos dos radicais livres, que quebram os tecidos protetores da retina no olho. Sementes de girassol (que também ajudam a diminuir o risco de degeneração macular relacionada à idade e catarata), amêndoas, avelãs e pistache (também têm altos níveis de luteína e zeaxantina) são todas ótimas fontes de vitamina E.

Peixe e ómega-3

Peixes, como salmão, atum, sardinha e halibute contêm altos níveis de ácidos gordos ómega-3, e as investigações sugerem que podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver, mais tarde na vida, doenças oculares. Além disso, a ingestão de mais ómega-3 diminui a pressão ocular relacionada ao glaucoma.

Chocolate e flavonoides

Um estudo, publicado na revista JAMA Ophthalmology, mostra que adultos que comeram uma barra de chocolate amargo podiam ver melhor cerca de duas horas depois, possivelmente devido ao aumento do fluxo sanguíneo causado por antioxidantes chamados flavonoides no chocolate.

Chá, o grande contributo

De acordo com um estudo publicado no British Journal of Ophthalmology, as pessoas que bebem pelo menos uma chávena de chá quente por dia diminuem o risco de desenvolver glaucoma em 74% em comparação com aqueles que não consomem a bebida. Mesmo sendo necessários mais estudos para entender a ligação entre chá e glaucoma, os britânicos estão a ir no caminho certo.

Banana e outros

Bananas, abacates, sementes de abóbora e feijão preto são ótimas fontes para ajudar a cumprir a dose diária recomendada de 300-400 de magnésio. Embora mais sejam necessárias mais estudos, estudos preliminares sugerem que o magnésio na dieta pode beneficiar pessoas com glaucoma, melhorando o fluxo sanguíneo para no olho. Também pode ajudar a proteger as células ganglionares da retina, que processam informações visuais no olho e as transmitem ao cérebro através do nervo ótico.

Alimentos a evitar

Há alimentos que as pessoas que vivem com glaucoma devem evitar, como os que que contribuem para a síndrome metabólica, obesidade, anormalidades da pressão arterial e diabetes. Esses alimentos são fatores de risco para glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA). Portanto, uma dieta que ajuda a manter a pressão arterial e as concentrações de glicose no sangue normais ajuda a reduzir o risco substancial de glaucoma.

Estudos também observaram que pode existir uma associação entre obesidade e pressão intraocular (PIO) elevada e hipertensão ocular. Ainda não há evidências que perder o excesso de peso reduz o risco de glaucoma, embora diminuições significativas na PIO tenham sido relatadas em humanos por perda de peso.

A ingestão calórica é outro fator para pacientes com glaucoma. Um estudo descobriu que a restrição calórica saudável pode afetar positivamente os olhos, aumentando a probabilidade de desencadear o que os pesquisadores chamam de “mecanismos anti-envelhecimento”, ajudando-os a limitar a disfunção ocular.

Dietas ricas em carboidratos também foram correlacionadas a um maior risco de glaucoma, enquanto uma menor ingestão de carboidratos está correlacionada a um risco menor.

Entender como a dieta pode impactar o risco de glaucoma e seguir as orientações dietéticas saudáveis ​​pode desempenhar um papel essencial na vida das pessoas que vivem com glaucoma.