Investigadores da Universidade do Minho fazem descoberta que poderá levar à redução de infeções intestinais

Investigadores da Universidade do Minho fazem descoberta que poderá levar à redução de infeções intestinais
Investigadores da Universidade do Minho fazem descoberta que poderá levar à redução de infeções intestinais. Foto: DR

Equipa de investigadores do Centro de Biologia Molecular e Ambiental da Universidade do Minho descobriu como um fungo se alimenta quando o intestino está fragilizado. A descoberta pode abrir portas para o bloquear o fungo e reduzir as infeções provocados.

As infeções mais frequentes por Candida surgem no sistema digestivo, no sistema respiratório, nos genitais e nas dobras da pele. Em pacientes com imunidade baixa, o fungo pode entrar na corrente sanguínea, infetando órgãos internos e provocando candidíase invasiva. Uma condição que afeta cerca de 1,5 milhões de doentes por ano, sendo que perto de um milhão, ou 63%, acaba por morrer.

Os resultados da investigação acabam de ser publicados na revista “mBio”, da Sociedade Americana de Microbiologia. O artigo tem a coautoria de cientistas das universidades Católica de Lovaina, na Bélgica, e de Exeter, em Inglaterra.

A investigação coordenada por Sandra Paiva e financiada pelo projeto MetaFungal, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, mostrou que após o tratamento com antibióticos, muitas bactérias presentes no intestino são eliminadas ou significativamente reduzidas.

No entanto, o fungo Candida albicans, que vive nosso corpo, possui 10 genes ATO que lhe dão vantagem para a sobreviver e expandir-se no ambiente desafiante. Ou seja, os genes ATO permitem ao fungo utilizar um nutriente “acetato”, muito abundante no intestino, o que lhe confere vantagem para se multiplicar, colonizar o ambiente e, em alguns casos, causar infeções graves.

“Mostramos pela primeira vez esta capacidade de adaptação do fungo e, ao bloquearmos os seus genes ATO, ele já não consegue instalar-se de forma estável no trato gastrointestinal, após a perturbação da flora bacteriana”, referiu, Sandra Paiva, citada em comunicado pela Universidade do Minho onde assume o cargo de vice-reitora para a Investigação e Inovação e de professora do Departamento de Biologia da Escola de Ciências da Universidade.

Sandra Paiva acrescentou: “Ao identificarmos transportadores essenciais à sobrevivência do Candida, abrimos a porta a novas terapias que poderão impedir a colonização fúngica e reduzir o risco de infeções invasivas”.

Os investigadores no estudo analisaram o trato gastrointestinal – intestino delgado, ceco, cólon – e as fezes de ratinhos tratados com antibióticos. Mas, os investigadores admitem que controlar o Candida no intestino possa vir a ajudar pessoas que ingerem muitos antibióticos e que tenham doenças inflamatórias, ou que tenham cancro, ou que sejam imunodeprimidas ou possuam idade avançada.

“As opções de antifúngicos disponíveis são muito limitadas e, como estes fungos são bastante semelhantes às nossas próprias células, é difícil desenvolver medicamentos que sejam eficazes sem causar efeitos tóxicos”, acrescentou Rosana Alves, primeira autora do estudo e investigadora no Centro de Biologia Molecular e Ambiental, da Universidade do Minho.