Investigadores identificam nova abordagem para matar os fungos

Investigadores identificaram uma forma de matar os fungos. A nova abordagem de combate aos fungos possuiu potencial para constituir o tratamento de infeções fúngicas que levam à morte mais de 1,6 milhões de pessoas por ano.

Investigadores identificam nova abordagem para matar os fungos
Investigadores identificam nova abordagem para matar os fungos Julianne Djordjevic e Sophie Lev. Foto: Carlos Furtado, Western Sydney Local Health District

Investigadores identificaram uma nova abordagem com potencial para o tratamento de infeções fúngicas que causam a morte a mais de 1,6 milhões de pessoas por ano. A nova abordagem consiste em privar os fungos dos nutrientes essenciais, impedindo o seu crescimento e disseminação.

Uma equipa de investigadores do Instituto Westmead de Investigação Médica descobriu que parando a produção de transportadores pelos fungos, que levam os nutrientes essenciais, como o fosfato, os fungos morrem de fome.

O corpo humano produz altos níveis de fosfato, mas a investigação mostrou que os fungos infetantes são fracos a absorver este fosforo, levando os fungos a produzirem uma maior quantidade de transportadores para conseguirem carregar mais fosfato. Um processo que é conhecido como “resposta à fome de fosfato”.

Os investigadores utilizaram ratos para testar o bloqueio à “resposta de fome de fosfato”. Isto é pararam a produção de transportadores nos fungos impedindo-os de obter mais nutrientes, e verificaram que a propagação da infeção diminuiu.

Para a investigadora Julianne Djordjevic, esta descoberta fornece um novo caminho para o desenvolvimento de medicamentos antifúngicos mais seguros e mais rápidos.

“As taxas de mortalidade devido a infeções fúngicas são semelhantes às da tuberculose e maiores do que as causadas pela malária”, indicou a investigadora.

“Os atuais medicamentos antifúngicos são tóxicos, mal absorvidas pelo organismo e não são totalmente eficazes. A resistência dos fungos aos medicamentos também está a emergir e constitui um grave um problema”, alertou Julianne Djordjevic.

A investigadora constatou que “embora sejam desesperadamente necessárias novas terapias para reduzir a alta morbidade e mortalidade global de doenças fúngicas infeciosas, nenhuma nova classe de medicamentos foi introduzida na medicina clínica desde 1986.”

Em face da atual situação que é considerada grave, Julianne Djordjevic referiu: “Se pudermos impedir os fungos de absorver nutrientes durante a infeção”, então pode-se estar perante “uma nova alternativa de tratamento para infeções fúngicas”, o que “é particularmente importante para pacientes com sistemas imunológicos debilitados, como os portadores de VIH/SIDA ou de leucemia, ou pacientes com transplantes de órgãos” que necessitam de uma terapia imunossupressora ao longo da vida.”

A investigadora Sophie Lev, primeira autora do estudo, que usou a bioinformática, referiu: “Descobrimos que a resposta de fome de fosfato em patógenos fúngicos expandiu a função para transportar outros nutrientes essenciais, como açúcares e aminoácidos, e não apenas fosfato. Também identificamos que essa ‘resposta de fome’ ocorre porque os transportadores de fosfato não funcionam adequadamente no pH humano.”

“O efeito combinado da má absorção de nutrientes no pH do corpo humano e a resposta da fome expandida significa que o bloqueio dessa resposta pode ser a chave para inativar os fungos de uma série de nutrientes essenciais e tratar as infeções potencialmente letais”, referiu Sophie Lev.

A descoberta parece ser “particularmente estimulante, porque talvez não seja necessário começar do zero para identificar os medicamentos que bloqueiam a ‘resposta à fome’ nutricional dos fungos.

O medicamento “Foscarnet aprovado pela FDA, que é usado ​​para tratar infeções virais em pacientes transplantados, mostrou inibir a resposta á fome de fosfato em fungos”, e “quando usado em combinação com medicamentos antifúngicos, esses medicamentos funcionam de forma mais eficaz, reduzindo a dose de tratamento e os efeitos colaterais potenciais”, conclui Sophie Lev.