Investigadores portugueses integram projeto europeu para prevenir perda auditiva devida a quimioterapia

Investigadores portugueses integram projeto europeu para prevenir perda auditiva devida a quimioterapia. Na foto, da esquerda para a direita: César Teixeira, Joel Arrais e Marco Simões. Créditos: DR
Investigadores portugueses integram projeto europeu para prevenir perda auditiva devida a quimioterapia. Na foto, da esquerda para a direita: César Teixeira, Joel Arrais e Marco Simões. Créditos: DR

Doentes submetidos a quimioterapia com cisplatina veem frequentemente a audição afetada, e em alguns casos de forma irreversível. Agora, o consórcio europeu “CHAFT – Monitorização domiciliária para identificar riscos de deficiência auditiva causada pela cisplatina”, que inclui investigadores do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) pretende encontrar soluções que possam auxiliar os doentes face à toxicidade da cisplatina.

O consórcio europeu CHAFT, financiado pelo programa EU-INTERREG-SUDOE, e coordenado pelo Centro Hospitalar Universitário de Montpellier, reúne instituições de Espanha, França e Portugal. A Universidade de Coimbra e o Instituto Português de Oncologia do Porto são as instituições que em Portugal integram o projeto.

Em comunicado, a FCTUC refere, citando o investigador Joel P. Arrais, do DEI, que o projeto “pretende desenvolver e validar um sistema de telemedicina que permita a monitorização auditiva domiciliária de doentes submetidos a quimioterapia com cisplatina, um fármaco amplamente utilizado em oncologia, mas frequentemente associado a toxicidade auditiva irreversível.”

Através de uma aplicação instalada num tablet com auscultadores de redução ativa de ruído, os doentes poderão realizar testes audiométricos em casa, eliminando deslocações desnecessárias e garantindo um acompanhamento mais equitativo, especialmente em zonas rurais ou com menor acesso a cuidados especializados”, explicou o investigador.

Joel P. Arrais acrescentou: “Para além de propor uma solução tecnológica inovadora de monitorização e prevenção, o CHAFT pretende ainda reduzir as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde e contribuir para a sustentabilidade ambiental, ao diminuir deslocações e otimizar recursos hospitalares”.

Refere o comunicado da FCTUC que o papel desempenhado pelos investigadores da UC é central na componente de Inteligência Artificial do projeto. Estando a equipa responsável pelo desenvolvimento de modelos de aprendizagem automática e de análise de dados de sequenciação genómica. O objetivo, refere a FCTUC, é identificar novos padrões farmacogenómicos que permitam prever quais os doentes com maior predisposição genética para a perda auditiva induzida pela cisplatina, contribuindo assim para tratamentos personalizados e mais seguros.

Como concluiu Joel P. Arrais, “a integração de dados clínicos, audiométricos e genómicos através de IA permitirá antecipar o risco de toxicidade auditiva antes que esta se manifeste, abrindo caminho a uma medicina verdadeiramente personalizada”.