Novos avanços no tratamento contra o cancro

Novas descobertas que podem revolucionar o tratamento contra o cancro estão a ser apresentadas nos EUA. Algumas das descobertas abrangem os tratamentos contra o cancro do pâncreas, cólon, mama e da dor associada à quimioterapia.

Investigação
Investigação. Foto: DR

A investigação sobre o cancro está a fornecer uma nova visão sobre como a doença funciona e como ela pode ser tratada. Novas descobertas sobre o cancro do pâncreas, cólon, mama e da dor associada à quimioterapia, estão a ser apresentadas no Experimental Biology 2018 meeting (EB 2018). Tratam-se de descobertas de investigações inovadoras que podem levar a novas formas de tratar e prevenir o cancro.

Potencial de tratamento para cancro do pâncreas

O adenocarcinoma ductal pancreático, que compõe 90% de todos os cancros pancreáticos, tem uma taxa de sobrevivência inferior a 5% para um período de 5 anos. O cancro não é apenas difícil de detetar, mas o tratamento é frequentemente complicado devido a mutações no gene supressor de tumor p53 que tornam as células cancerígenas resistentes à quimioterapia.

Investigadores do Human BioMolecular Research Institute, da Universidade da Califórnia, em San Diego, e da ChemRegen, Inc. (empresa privada de investigação e desenvolvimento em medicina regenerativa localizada em San Diego, Califórnia), desenvolveram um novo composto que pode ser útil no tratamento do cancro do pâncreas.

Os investigadores já tinham mostraram que o composto mata células do adenocarcinoma ductal pancreático com e sem p53 mutante e que inibiu fortemente o crescimento tumoral num modelo de rato tumoral adenocarcinoma ductal pancreático invasivo.

Agora num novo estudo os pesquisadores mostraram que o composto funciona visando exclusivamente duas vias de morte de células humanas: morte celular programada, ou apoptose, e o sistema de degradação intracelular conhecido como autofagia. Os investigadores mostraram ainda que a potência do composto vem da capacidade de induzir crosstalk entre as vias de morte celular do adenocarcinoma ductal pancreático.

Perceções sobre a dor associada à quimioterapia

Pacientes submetidos frequentemente a medicamentos contra o cancro experimentam dor debilitante por causa de uma condição conhecida como neuropatia periférica induzida por quimioterapia. Os cientistas não entendem completamente porque que é que os medicamentos causam essa condição, que atualmente não tem tratamento.

Num novo estudo, investigadores do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, em San Antonio, descobriram que a exposição a alcaloides da vinca e a quimioterapia com taxanos estava associada a uma resposta imediata de dor ativada pelos nervos periféricos que detetam estímulos de dor.

A investigação revelou que os medicamentos quimioterápicas causam hiperexcitação dos neurónios sensoriais, ativando especificamente o canal iónico (TrpA1) envolvido na perceção da dor. O estudo representa a primeira demonstração de ativação direta dos neurónios sensoriais por medicamentos contra o cancro e suporta um papel para TrpA1 no desenvolvimento de neuropatia periférica induzida por quimioterapia. As descobertas podem levar a novos tratamentos para a dor associada a medicamentos quimioterápicos.

AINE altamente potente inibe o cancro do cólon

A indometacina é um anti-inflamatório não-esteroide altamente potente (AINE) que demonstrou propriedades anticancerígenas em pessoas e modelos animais. Para descobrir se este medicamento inibe o cancro do cólon, investigadores do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, em Houston, conduziram um estudo envolvendo indometacina não modificada e indometacina modificada com fosfatidilcolina para proteger contra a lesão dos AINEs no trato gastrointestinal.

Em culturas de células cancerígenas de ratos, doses de ambas as formulações de indometacina inibiram significativamente o crescimento de células de cancro do cólon, com a formulação de fosfatidilcolina a mostrar maior eficácia com uso de menor dose.

Da mesma forma, em ratos injetados com células de cancro do cólon, o tratamento com ambas as formas de indometacina trouxe reduções significativas no número de tumores em comparação com os ratos que não receberam tratamento.

Os investigadores concluíram que a indometacina e a fosfatidilcolina-indometacina são fortes e efetivas inibidoras do crescimento das células cancerígenas do cólon e têm potencial para prevenir e possivelmente tratar o cancro colorretal em pessoas.

O que impulsiona o crescimento do cancro da mama

A proteína de ligação ao RNA induzida pelo frio (CIRP) desempenha um papel importante na regulação da expressão génica e como as células respondem ao stresse. Para entender melhor o papel do CIRP no cancro da mama, investigadores do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Novo México estão a estudar um modelo de rato com cancro da mama que expresse CIRP em níveis mais altos que o normal.

Os investigadores relatam que o aumento dos níveis de CIRP inibiu o crescimento, progressão e metástase de tumores. Estes efeitos anticancerígenos foram associados a alterações nos sinais do sistema imunitário conhecidos como citocinas.

Especificamente, os ratos exibiram níveis baixos de citocinas que promovem um ambiente favorável ao crescimento do tumor e o aumento dos níveis de citocinas que criam um ambiente antitumorigénico.

Os investigadores continuam a estudar os mecanismos envolvidos na capacidade da CIRP de influenciar a sinalização entre o cancro e as células do sistema imunológico, de modo que esta informação possa ser usada para melhorar as terapias padrão e abordagens imunoterapêuticas para o tratamento do cancro da mama.