OMS: São precisas novas vacinas COVID-19 eficazes contra variantes

Vão surgir novas variantes do SARS-CoV-2 com impacto desconhecido. Para a OMS a atual estratégia de vacinação baseada em repetidas doses de reforço da atual vacina não é apropriada ou sustentável. É preciso nova geração de vacinas COVID-19.

OMS: São precisas novas vacinas COVID-19 eficazes contra variantes
OMS: São precisas novas vacinas COVID-19 eficazes contra variantes. Foto: DR

A Organização Mundial da Saúde (OMS) designou, até agora, cinco variantes do SARS-CoV-2, como variantes de preocupação – Alfa, Beta, Gama, Delta e Ómicron. Uma designação devido ao impacto das variantes na transmissão, gravidade da doença ou na capacidade destas fugir ao sistema imunitário. A variante Ómicron está a espalhar-se rapidamente pelo mundo, mas a OMS considera que a evolução do SARS-CoV-2 vai continuar e que é improvável que a Ómicron seja a última variante de preocupação.

A OMS refere que uma equipa de peritos da Organização está desenvolver uma estrutura para analisar as evidências sobre variantes de preocupação emergentes. Com essa análise pretende criar critérios para uma recomendação para que seja alterada a vacina COVID-19 e sobre composições de vacinas atualizadas. Essa estrutura considera a disseminação e transmissibilidade global, gravidade clínica, características genéticas, antigénicas e fenotípicas da variante de preocupação, incluindo capacidade de escapar ao sistema imunológico e avaliações da eficácia da vacina.

As vacinas contra a COVID-19

Com as vacinas contra a COVID-19 disponíveis, o atual foco permanece na redução do número de doenças graves e de mortes, bem como na proteção dos sistemas de saúde. As vacinas reconhecidas pela OMS fornecem um alto nível de proteção contra doenças graves e morte causadas por variantes de preocupação.

Dados preliminares indicam que a eficácia da vacina é reduzida contra a doença sintomática causada pela variante Ómicron, no entanto, é provável que a proteção contra a doença grave seja preservada. A OMS considera que são necessários mais dados sobre a eficácia da vacina, particularmente contra hospitalização, doença grave e morte, inclusive para cada plataforma de vacina e para vários regimes de doses e quantidade de produto de vacina.

Para a OMS é importante o acesso urgente e amplo às atuais vacinas COVID-19, para populações prioritárias em todo o mundo, de forma a fornecer proteção contra doenças graves e morte e, a longo prazo, para mitigar o surgimento e o impacto de novas variantes de preocupação, reduzindo a carga de infeção.

“Em termos práticos, enquanto alguns países podem recomendar doses de reforço da vacina, a prioridade imediata para o mundo é acelerar o acesso à vacinação primária, particularmente para grupos com maior risco de desenvolver doença grave”, refere a OMS.

A OMS indica também que a atual estratégia de vacinação baseada na toma de doses repetidas de reforço da atual composição da vacina é improvável que seja apropriada ou sustentável.

Composição das vacinas COVID-19 atuais e futuras

A equipa de peritos da OMS considera que vacinas COVID-19 com alto impacto na prevenção de infeção e transmissão, além da prevenção de doença grave e morte, são necessárias e devem ser desenvolvidas.

Mas até que essas vacinas estejam disponíveis e à medida que o vírus SARS-CoV-2 evolui, a composição das atuais vacinas COVID-19 pode precisar de ser atualizada, para garantir que as vacinas COVID-19 continuem a fornecer os níveis de proteção recomendados pela OMS contra infeções e doença pelas variantes de preocupação, incluindo a variante Ómicron e futuras variantes.

A equipa de peritos considera uma mudança na composição da vacina:

para garantir que as vacinas continuem a responder aos critérios estabelecidos pela OMS para as vacinas COVID-19, incluindo proteção contra doenças graves;

para melhorar a proteção induzida pela vacina.

Para esse objetivo, as vacinas COVID-19 precisam:

basear-se em estirpes geneticamente e antigenicamente próximas da(s) variante(s) circulante(s) do SARS-CoV-2;

além da proteção contra doenças graves e morte, serem mais eficazes na proteção contra infeções, diminuindo assim a transmissão comunitária e a necessidade de medidas sociais e de saúde pública rigorosas e abrangentes;

provocar respostas imunes amplas, fortes e duradouras para reduzir a necessidade de sucessivas doses de reforço.

De acordo com essa abordagem, há muitas opções a serem consideradas:

uma vacina monovalente que induz uma resposta imune contra a(s) variante(s) circulante(s) predominante(s), embora essa opção enfrente o desafio do rápido surgimento de variantes do SARS-CoV-2 e do tempo necessário para desenvolver uma vacina modificada ou nova;

uma vacina multivalente contendo antígenos de diferentes variantes do SARS-CoV-2;

uma vacina pan SARS-CoV-2: uma opção de longo prazo mais sustentável que seria efetivamente à prova de variantes.