Plataformas de Streaming de música não garantem pagamento justo aos artistas

Eurodeputados alertam que as receitas de Streaming de música não são distribuídas equitativamente pelos artistas. Parlamento Europeu quer regras para que o setor do streaming de música seja justo, sustentável e que promova a diversidade cultural.

Plataformas de Streaming de música não garantem pagamento justo aos artistas
Plataformas de Streaming de música não garantem pagamento justo aos artistas. Foto: DR

Atualmente, as plataformas de música digital e os serviços de partilha de música proporcionam acesso até 100 milhões de faixas, quer gratuitamente, quer mediante uma taxa mensal de subscrição relativamente baixa. O streaming representa 67% da receita global do setor da música, com uma receita anual de 22,6 mil milhões de dólares.

O Parlamento Europeu aprovou uma resolução em que consideram haver um desequilíbrio afetação das receitas do mercado de streaming de música, uma vez que o quadro atual permite que a maioria dos autores ou intérpretes não recebam uma remuneração suficiente.

Em face do estado do mercado de streaming os eurodeputados pedem à Comissão Europeia a definição de um quadro jurídico da União Europeia para regular as plataformas de streaming de forma harmonizada e colmatar a atual ausência de regras.

Remuneração justa para os autores

Os eurodeputados defendem a revisão das “taxas de royalties anteriores à era digital” e condenam os chamados esquemas “payola”, que obrigam os autores a aceitar uma remuneração mais baixa ou mesmo nenhuma remuneração, em troca de uma maior visibilidade.

Visibilidade das obras europeias

Para os eurodeputados referem que é necessária uma ação da União Europeia para garantir que as obras musicais europeias tenham visibilidade, estejam proeminentes e acessíveis, tendo em conta a profusa quantidade de conteúdos, em constante crescimento nas plataformas de streaming de música, refere o texto. Os eurodeputados propõem à Comissão Europeia que “pondere a possibilidade de impor medidas concretas, tais como como quotas relativas às obras musicais europeias”.

Transparência face à inteligência artificial

A proposta de lei da União Europeia deve obrigar as plataformas a tornar transparentes os seus algoritmos e as suas ferramentas de recomendação, para evitar práticas desleais, como a manipulação de números de transmissão em contínuo, alegadamente para reduzir ainda mais as receitas dos artistas.

Com a evolução da Inteligência Artificial (IA) aplicada à música os eurodeputados propõem a introdução de um rótulo, claro e visível, para informar o público quando as músicas que ouvem foram geradas pela IA. Também é proposto o combate às falsificações profundas (deepfakes) nas plataformas de streaming de música, que utilizam identidades, vozes e aparência de artistas sem o seu consentimento.

Os eurodeputados também consideram que as regras devem obrigar as plataformas de transmissão de música em contínuo a identificar os titulares de direitos, atribuindo corretamente metadados para tornar as suas obras mais visíveis.

Apoio à diversidade musical

Os eurodeputados apontam para estudos que indicam que as receitas no mercado de streaming vão principalmente para as grandes editoras e alguns artistas mais populares, enquanto os estilos menos em voga e as línguas menos faladas são tocados com menor frequência.

Ora, os eurodeputados pretendem que a legislação da União Europeia inclua indicadores de diversidade específicos, para avaliar o leque de géneros e línguas disponíveis e a presença de autores independentes. Assim, a Comissão Europeia deve ponderar a criação de uma estratégia industrial europeia para a música, para promover a diversidade do setor, impulsionando os intervenientes de pequena dimensão, propõem ainda os eurodeputados.