Regenerar os dentes em vez de substitutos sintéticos

Cientistas da Universidade de Coimbra desenvolvem células tipo estaminal para aplicação na Medicina Dentária Regenerativa. Regenerar dentes e tecidos pode ser a opção, numa situação de perda, em vez de os substituir por materiais sintéticos.

Miguel Marto
Miguel Marto, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Foto: DR

Uma equipa de nove investigadores de Medicina Dentária, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (UC), desenvolveu células semelhantes às células estaminais a partir de fibroblastos gengivais que podem ser utilizadas na medicina dentária regenerativa.

A investigação, liderada por Eunice Carrilho, professora catedrática, recorreu à desdiferenciação celular. “Uma técnica que consiste em utilizar células adultas e especializadas de um tecido e revertê-las a um estado próximo do estaminal, em que as células têm a capacidade de se diferenciar em praticamente todos os tecidos do organismo,” esclareceu a UC.

Miguel Marto, um dos investigadores envolvidos no projeto, citado em comunicado da UC, referiu que “a perda total ou parcial de dentes por doenças da cavidade oral, como cáries, traumatismos ou doenças gengivais, representa um problema de saúde a nível mundial. Embora a medicina dentária disponha de materiais sintéticos, estes ainda não conseguem substituir todas as funções de um dente natural, pelo que se acredita que o futuro passa por conseguirmos regenerar o dente e os seus tecidos em vez de os substituir por materiais sintéticos”.

“A medicina dentária regenerativa procura, através da seleção e recolha de células estaminais, regenerar os tecidos perdidos, mas obter estas células apresenta várias dificuldades”, esclareceu Miguel Marto. É neste domínio que a investigação da UC vem agora dar resposta, ao conseguir obter células semelhantes às células estaminais para serem utilizadas na medicina dentária regenerativa.

Células tipo estaminal para aplicação na Medicina Dentária Regenerativa
Células tipo estaminal para aplicação na Medicina Dentária Regenerativa. Foto: UC

No estudo os investigadores utilizaram “fibroblastos gengivais que são fáceis de colher numa consulta médico-dentária” e as células obtidas foram depois usadas para “dar origem a células próprias do dente, como os odontoblastos, que formam a dentina, o principal tecido duro dentário, possibilitando assim a sua utilização em procedimentos regenerativos.”

Para Miguel Marto “o método de obtenção de células tipo estaminal por desdiferenciação de fibroblastos gengivais abre portas à utilização em muitas outras doenças”, para além da formação de estruturas dentárias.

A UC indicou que o “estudo foi recentemente distinguido pela Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) com uma bolsa de apoio à divulgação científica.”