Tratamento da inflamação da psoríase com recurso a ácidos biliares

Ácidos biliares são recursos terapêuticos para melhorar a inflamação da pele em pacientes com psoríase. Estudo de investigação verificou que os ácidos biliares podem contribuir para o tratamento da psoríase.

Tratamento da inflamação da psoríase com recurso a ácidos biliares
Tratamento da inflamação da psoríase com recurso a ácidos biliares

A toma de ácidos biliares ou o recurso a tratamentos que regulem os níveis de produção dos ácidos biliares podem ajudar a controlar a inflamação causada pela psoríase, uma condição crónica da pele. A conclusão é de um estudo do University of California Davis Health (UC Davis Health).

A psoríase, que causa escamas dolorosas e comichão e manchas vermelhas na pele, está ligada ao sistema imunológico do corpo. Os resultados do estudo, já publicado no Journal of Investigative Dermatology, mostram que os ácidos biliares podem contribuir para o tratamento da psoríase, impedindo as células T imunes de produzir uma proteína pró-inflamatória conhecida como IL-17A e bloquear o movimento das células imunes para o local da inflamação.

“Os estudos mostraram que os ácidos biliares inibiram significativamente a inflamação da pele sem causar efeitos adversos sistémicos aparentes”, referiu Sam T. Hwang, especialista em dermatologia da UC Davis Health e autor sénior do estudo.

O que são ácidos biliares?

Os ácidos biliares são produzidos no fígado e secretados na primeira parte do intestino delgado para ajudar a digerir os alimentos. Enquanto a maioria dos ácidos biliares é reabsorvida no fígado, uma pequena porção vai para o cólon. No cólon os ácidos são transformados pela microbiota intestinal em ácidos biliares secundários, incluindo ácido litocólico (LCA), ácido desoxicólico (DCA) e 3-oxoLCA.

Os ácidos biliares são importantes na absorção de lipídios e no equilíbrio do colesterol no sangue. Estudos anteriores tinham identificado o papel como moléculas de sinalização chave na regulação da imunidade da pele e doenças inflamatórias.

Sam T. Hwang e outros investigadores já tinham anteriormente mostrado que dietas pró-inflamatórias, como as ricas em gorduras e açúcares simples, alteram bastante o tipo de bactéria que reside no intestino, possivelmente resultando em alterações nos níveis desses ácidos biliares secundários.

Os ácidos biliares ajudam a aliviar a psoríase

A interleucina-23 (IL-23) é uma proteína gerada pelas células imunes. É responsável por muitas reações autoimunes inflamatórias, incluindo a psoríase. Em um dos estudos os investigadores injetaram em ratos DNA de IL-23 para induzir uma resposta que imitava a doença de pele semelhante à psoríase.

Eles descobriram que, em comparação com os ratos que receberam um tratamento com placebo, todos os ratos tratados por qualquer um dos três ácidos biliares secundários tiveram menos manchas vermelhas, descamação e menos espessura de escamas. Os ácidos biliares LCA mostraram uma maior melhoria na dimensão da escama.

Em outro teste, os cientistas deram LCA oral a ratos durante dois dias antes de aplicar o imiquimod, um modificador da resposta imune usado no tratamento de doenças de pele. Eles descobriram que os ratos tratados com LCA tinham menos inflamação da pele do que os que não receberam ácidos biliares.

Como o LCA oral pode causar reações intestinais, como diarreia, constipação e dor de estômago, os investigadores também exploraram a administração de LCA por injeção intravenosa em ratos tratados com IL-23. Semelhante ao LCA tomado por via oral, uma injeção de LCA em ratos também melhorou os sinais da pele psoriática.

Os ácidos biliares na resposta imune

Os investigadores já tinham descoberto que um tipo de proteína recetora conhecida como recetor de quimiocina 6 (CCR6), e seu parceiro de ligação CC quimiocina ligante 20 (CCL20), estão ligados à inflamação causada pela psoríase. O CCR6 é um agente crítico para a migração de células T – um tipo de glóbulos brancos – para o local da lesão.

Neste novo estudo, os investigadores descobriram que no modelo de rato IL-23, os queratinócitos (as células dominantes na camada externa da pele) serviram como uma das principais fontes de CCL20 na pele.

E também verificaram que o LCA diminuiu a produção da proteína pró-inflamatória IL-17A, impedindo que as células da pele produzissem CCL20 e bloqueasse o desenvolvimento da psoríase.

“Dar ácidos biliares ou usar tratamentos que regulam o trabalho dos ácidos biliares pode ser benéfico para controlar a inflamação psoriática”, disse Zhenrui Shi, investigador do Departamento de Dermatologia da UC Davis e coautor principal do estudo. “O trabalho fornece uma explicação para vários pequenos estudos piloto anteriores de suplementação oral de ácidos biliares em pacientes com psoríase que resultaram na melhora da psoríase”.