Tratamento do cancro colorretal com dois novos medicamentos mostra sucesso

Pacientes com cancro colorretal metastático refratário mostram evolução favorável com tratamento com dois novos medicamentos. O estudo de fase 1 mostrou uma sobrevida global em 12 meses de 63%.

Tratamento do cancro colorretal com dois novos medicamentos mostra sucesso
Tratamento do cancro colorretal com dois novos medicamentos mostra sucesso. Foto: Rosa Pinto

A combinação de dois medicamentos imunoterápicos mostrou uma promissora atividade clínica no tratamento de pacientes com cancro colorretal metastático refratário. Uma doença que não respondia bem a imunoterapias.

Os resultados do estudo de fase 1, liderado pelo investigador Benjamin L. Schlechter, do Centro de Tratamento de Cancro Gastrointestinal em Dana-Farber Cancer Institute, foram no ASCO Gastrointestinal Cancers Symposium, em São Francisco, EUA.

No estudo participaram 70 pacientes com cancro colorretal metastático que tinham sido previamente tratados com várias linhas de medicamentos, incluindo imunoterapias. Todos esses pacientes tinham tumores denominados microssatélites estáveis (MSS), o que significa que os genes para reparar certos tipos de danos ao ADN estavam intactos.

Os tumores colorretais MSS representam a grande maioria dos cancros colorretais, e a primeira geração de medicamentos imunoterápicos teve pouco efeito sobre esses cancros. Embora a imunoterapia tenha sido bem-sucedida em cancros colorretais microssatélites instáveis (MSI), apenas cerca de 3 a 5% dos cancros colorretais avançados são MSI e não há imunoterapias aprovadas para os cancros colorretais MSS, que são os mais comuns.

A combinação de dois medicamentos que está a ser testada num estudo expandido de fase 1a/1b em pacientes com cancro colorretal metastático MSS é assente em novos anticorpos de última geração: o Botensilimab, um anticorpo direcionado contra o antígeno 4 associado ao linfócito T citotóxico do recetor de células T, ou CTLA-4, que é um ponto de controlo imunológico que regula a ativação das células T. e o Balstilimab é um novo anticorpo monoclonal projetado para bloquear PD-1 – outra proteína de checkpoint imunológico – de interagir com PD-L1 e PD-L2. Ao inibir essa interação, o balstilimab liberta o sistema imunológico para atacar o cancro.

Os pacientes no estudo foram acompanhados durante uma média de 7 meses após receberem a combinação dos medicamentos. Nesse período, 23% dos pacientes tiveram redução do tamanho dos tumores, e a duração mediana da resposta não foi atingida. A taxa de controlo da doença – a percentagem de pacientes com cancro metastático que tiveram uma resposta completa ou parcial e doença estável – foi de 76%. A sobrevida global em 12 meses foi de 63%.

Os investigadores verificaram que a principal população de pacientes que beneficiou com a combinação dos dois medicamentos foi a que não tinha cancro metastático ativo no fígado.

Efeitos adversos relacionados com o tratamento ocorreram em 91% dos pacientes, incluindo de grau 3 em 40% e de grau 4 em 3%. Neste caso 12% dos pacientes descontinuaram a toma dos dois medicamentos devido aos efeitos adversos.

Os investigadores concluíram que “em pacientes com cancro colorretal metastático fortemente pré-tratado, com botensilimabe mais balstilimabe, continua a demonstrar atividade clínica promissora com resposta durável e mostram ser bem tolerados, sem novos sinais de segurança mediados pelo sistema imunológico”.

“Aproveitar o poder da terapia imunológica no cancro colorretal refratário tem sido um dos principais objetivos de vários ensaios clínicos no cancro colorretal avançado, mas no cancro colorretal MSS os esforços têm sido universalmente dececionantes”, disse Benjamin L. Schlechter. “Estes dados são um avanço significativo e importante no cuidado desta população muito doente”.

Com base nestas descobertas, está em curso um estudo randomizado de fase 2 em pacientes com cancro colorretal MSS.