Uma dose da vacina Sputnik V desenvolve forte proteção contra a COVID-19

Estudo mostra que basta uma única dose da vacina russa Sputnik V contra a COVID-19 para desenvolver fortes respostas de anticorpos contra a infeção por SARS-CoV-2. Uma segunda dose da vacina não aumentou a produção de anticorpos neutralizantes.

Uma dose da vacina Sputnik V desenvolve forte proteção contra a COVID-19
Uma dose da vacina Sputnik V desenvolve forte proteção contra a COVID-19. Foto: DR

Uma única dose da vacina Sputnik V contra a COVID-19 pode provocar respostas significativas de anticorpos contra o coronavírus SARS-CoV-2, conclui estudo de investigação já publicado na revista “Cell Reports Medicine”.

Estudos anteriores mostraram que duas doses da vacina Sputnik V mostraram 92% de eficácia contra a COVID-19, causada pelo SARS-CoV-2. A questão colocada pelos investigadores foi se uma única dose alcançaria maior benefício para a saúde pública do que duas doses, permitindo a proteção de uma maior população e de forma mais rápida.

A autora sénior do estudo, Andrea Gamarnik, do laboratório Gamarnik da Fundação Instituto Leloir-CONICET em Buenos Aires, Argentina, referiu: “Devido ao fornecimento limitado de vacinas e à distribuição desigual de vacinas em muitas regiões do mundo, as autoridades de saúde precisam urgentemente de dados sobre a resposta imune às vacinas para otimizar as estratégias de vacinação”, e por isso, os dados “que apresentamos fornecem informações para orientar as decisões de saúde pública à luz da atual emergência global de saúde.”

As evidências oferecidas por outras vacinas suportam a abordagem de uma única vez. A vacina da AstraZeneca mostra eficácia de 76% após uma única dose, e as vacinas da Moderna e da Pfizer podem induzir imunidade suficiente em indivíduos previamente infetados após uma dose, sem benefício aparente de uma dose adicional.

No estudo publicado na Cell Reports Medicine, a investigadora Andrea Gamarnik e os outros investigadores da equipa compararam os efeitos de uma e duas doses da vacina russa Sputnik V nas respostas de anticorpos específicos para o SARS-CoV-2, em 289 profissionais de saúde na Argentina. Três semanas após a segunda dose, todos os vacinados que não tinham sido antes infetados com COVID-19 geraram anticorpos imunoglobulina G (IgG) específicos para vírus – que é tipo mais comum de anticorpo encontrado no sangue.

Mas mesmo dentro de três semanas após receberem a primeira dose, 94% desses participantes desenvolveram anticorpos IgG contra o vírus, e 90% mostraram evidências de anticorpos neutralizantes, que interferem na capacidade dos vírus de infetar as células.

Resultados adicionais mostraram que os níveis de IgG e anticorpos neutralizantes em participantes previamente infetados foram significativamente maiores após uma dose do que em voluntários totalmente vacinados sem histórico de infeção. Uma segunda dose não aumentou a produção de anticorpos neutralizantes em voluntários previamente infetados.

Para a investigadora “isso destaca a resposta robusta à vacinação de indivíduos previamente infetados, sugerindo que a imunidade adquirida naturalmente pode ser aumentada o suficiente por uma única dose, de acordo com estudos recentes usando vacinas de mRNA”.

No entanto os investigadores consideram ser necessários mais estudos para avaliar a duração da resposta imune e para avaliar como os níveis de anticorpos se relacionam com a proteção da vacina contra COVID-19. Andrea Gamarnik conclui: “Evidências baseadas em informações quantitativas devem guiar as estratégias de implantação de vacinas em face da restrição de oferta mundial de vacinas”.