Elvira Fortunato e Rodrigo Martins finalistas ao Prémio Europeu do Inventor

Cientistas da Universidade Nova de Lisboa que desenvolveram microchips feitos de papel, substituindo o silício por materiais orgânicos, encontram-se entre os finalistas ao Prémio Europeu de Inventor de 2016, na categoria de investigação.

Elvira Fortunato e Rodrigo Martins
Elvira Fortunato e Rodrigo Martins, Prémio Europeu do Inventor, Foto: ©DR

Para Benoît Battistelli, Presidente do Instituto Europeu de Patentes (European Patent Office, EPO), “os microchips feitos de papel, desenvolvidos por Elvira Fortunato, Rodrigo Martins e equipa, da Universidade Nova de Lisboa, têm o potencial de trazer a tecnologia eletrónica ‘inteligente’ a áreas completamente novas do dia-a-dia”, como bilhetes de avião atualizáveis e rótulos de alimentos.

Os microchips convencionais utilizam o silício de grau eletrónico, um material caro e com impactos ambientais graves, devido à libertação de gases de efeito de estufa. Estes fatores negativos não se encontram nos “chips de papel” que permitem a custo reduzido uma maior eficiência energética e trazer a inteligência eletrónica a objetos do quotidiano, como etiquetas de identificação, cartões-de-visita ou a rótulos de alimentos.

Benoît Battistelli, ao anunciar os finalistas do Prémio Europeu do Inventor 2016, citado em comunicado do EPO, referiu que “os microchips de papel potenciam uma nova geração de dispositivos pouco dispendiosos e recicláveis que podem vir a desempenhar um papel importante na Internet das Coisas e outras tecnologias digitais do futuro”.

Todos os componentes de um transístor são produzidos a partir de celulose, ou seja, de papel, incluindo o componente de isolamento, que anteriormente era fabricado a partir de silício ou outros materiais inorgânicos. E para que o transístor possa funcionar possui peças revestidas com nano fluídos com partículas de óxido inorgânico.

“Elvira Fortunato e a sua equipa foram os primeiros inventores a incorporar o papel como parte funcional de dispositivos baseados em transístores” indica o EPO. Para conseguir os microchips de papel, os cientistas “revestem uma folha de papel com um semicondutor feito de óxidos inorgânicos – nomeadamente óxidos de zinco, gálio e índio – que são, então, ligados através de uma camada de alumínio”. O revestimento do papel por este nanofilme torna-o, “não só no substrato do transístor, mas também a camada dielétrica – o seu componente isolante. O resultado é um transístor perfeitamente funcional à base de celulose”.

Mas para Elvira Fortunato, refere o comunicado, “o papel eletrónico não substitui o que está a ser feito atualmente com tecnologias de silicone, mas pode ser usado adicionalmente às tecnologias existentes, para aplicações de baixo custo que serão produzidas em grandes quantidades”.

A invenção dos cientistas portugueses pode revolucionar a eletrónica de grande consumo abrindo “um novo mercado para os objetos descartáveis com inteligência microchip”, Um mercado de dispositivos como cartazes e jornais animados, cartões-de-visita e rótulos de alimentos autoatualizáveis, e no campo das aplicações científicas incluem-se desde biossensores a etiquetas de identificação por radiofrequência.

Mas a produção de dispositivos baseados em “transístores de papel pode também aliviar alguma da carga ambiental do silício”, dado que a produção do silício liberta gases de efeito de estufa, incluindo hexafluoreto de enxofre.

O EPO divulgou que “os vencedores da 11.ª edição do prémio anual de inovação serão anunciados numa cerimónia em Lisboa, a 9 de junho.