
As sequelas de acidente vascular cerebral (AVC) exigem, em muitos casos, um longo processo de reabilitação. Um grupo de investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a liderar um projeto, o UpReGain, de teste de utilização de estratégias inovadoras e personalizadas para apoiar a reabilitação de pacientes que sofreram de AVC.
Em comunicado, a FCTUC indicou que os primeiros ensaios já estão a ser realizados em que participam pessoas saudáveis, mas que dentro de pouco tempo a equipa irá a realizar testes com pacientes de AVC. No entanto, os resultados preliminares são considerados promissores.
“Neste projeto combinamos uma interface cérebro-computador (BCI) – que estabelece uma ligação direta entre o cérebro e dispositivos externos, sem recorrer a músculos ou nervos –, um exoesqueleto de mão robótica, que oferece feedback físico e somatossensorial, e ambientes de realidade virtual com elementos de gamificação. Esta combinação permite aos pacientes visualizar os movimentos num avatar e executar tarefas em contexto de jogo”, explicou, citado no comunicado, Aniana Cruz, investigadora do ISR e coordenadora do projeto UpReGain.

O princípio do sistema e respetivos testes é o uso da imaginação motora: ao imaginar abrir ou fechar a mão, o cérebro ativa as mesmas áreas motoras como se o movimento fosse realmente executado, explicou a FCTUC. O sinal cerebral, captado por electroencefalografia (EEG), é interpretado pelo sistema e transformado em feedback visual (mão virtual), físico (mão robótica) ou em atividades gamificadas (por exemplo: agarrar objetos, espremer frutas, encher um copo).
A investigadora esclareceu: “O nosso objetivo é comparar abordagens distintas – imaginação motora com feedback robótico, com avatar virtual ou com jogos gamificados – e avaliar o impacto de cada uma em relação à terapia convencional. Pretendemos, também, uma reabilitação de acordo com o perfil de cada paciente e a sua evolução clínica, combinando EEG com Eletromiografia (EMG), uma técnica que regista a atividade elétrica dos músculos, em casos de movimento residual. Queremos, ainda, avaliar a viabilidade prática, nomeadamente no que diz respeito à preparação, calibração, tempo de utilização e aceitação, tanto pelos pacientes como pelos profissionais de saúde”.
Para além da equipa multidisciplinar do ISR que inclui investigadores especializados em BCI, realidade virtual, reabilitação e visão por computador, também colaboram no projeto a Unidade Local de Saúde de Coimbra / Polo Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais.
“O objetivo final é transferir a tecnologia BCI do laboratório para a prática clínica, contribuindo para aumentar significativamente a taxa e a qualidade da recuperação motora após um AVC”, conclui a investigadora que coordena o projeto.













