Bactérias reciclam telemóveis e recuperam metais

Investigadores da Universidade Politécnica da Catalunha estão a utilizar bactérias para recuperar os metais dos telemóveis em desuso e reutilizá-los.

Telemóveis
Foto de Rosa Pinto

A biolixiviação, ou seja, a extração ou solubilização dos constituintes químicos, executada por bactérias, é o objeto de uma investigação em curso no Departamento de Engenharia Mineira, Industrial e Tecnologias de Informação e Comunicação da Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), instalado na Escola Politécnica Superior de Manresa (EPSEM), e dirigida por Antonio David Dorado, Montserrat Solé e Xavier Gamisans, indica a Universidade, em comunicado.

Os investigadores usam microrganismos em contato com circuitos eletrónicos que contêm metais, como o cobre, o ouro, o cromo, o zinco, o níquel e o alumínio, entre outros. Estes microrganismos, que são bactérias ferro oxidantes vão eliminar o que não serve e reciclar os metais para extrai-los e dar-lhe um novo uso.

Os investigadores, em vez de atacarem quimicamente os resíduos, aproveitam a capacidade de oxidação que têm determinados microrganismos.

Esta técnica começou a ser posta em prática em placas de circuito impresso de telemóveis, porque se poderia adaptar facilmente a outros tipos de circuitos eletrónicos como televisores, computadores ou frigoríficos, referem os especialistas.

Este processo de biolixiviação é menos contaminante e mais económico do que os que se utilizam atualmente, para além disso, pode ser aplicado quando se trata de baixas concentrações de metais. Quando as técnicas convencionais não são viáveis.

Para que funcione, é necessário controlar as condições que afetam a atividade dos microrganismos, como o pH, a temperatura ou as concentrações de sais. Como resultado do processo, o metal é dissolvido e, através de um processo de separação, é recuperado para ser utilizado de novo na construção de placas eletróncias, entre outras aplicações, indica a UPC.

A bactéria usada na investigação é da espécie acidithiobacillus, microrganismo ferro oxidante, que cresce em condições muito adversas e difíceis, vivem em ambientes como as estações de tratamento de águas residuais urbanas. Os investigadores recolhem amostras nesses ambientes e tratam-nas em laboratório sob condições ideais para que só esta espécie sobreviva e se regenere.

Os microrganismos permitem extrair dos componentes eletrónicos, resíduos que se não forem removidos podem prejudicar o ambiente onde forem depositados, contaminarem a água e o solo. Por outro lado, com esta técnica, a necessidade de explorar os recursos naturais para extrair metais, como o cobre, usado pela tecnologia eletrónica, pode ser reduzida.

Os resultados da investigação mostram que, sob certas condições, a ação de microrganismos pode aumentar em 30% a quantidade de metal recuperado e, assim, 99% dos resíduos. A recuperação de metais a partir dos resíduos é mais rentável do que a própria extração original de recursos naturais, uma vez que nestes resíduos, a concentração é maior do que nas minas.

Os investigadores estão, agora, a estudar as condições para que este processo de biolixiviação possa ser viável do ponto de vista industrial.