Apneia do sono: medicamento reduz frequência de pausas respiratórias

Medicamento sultiame mostrou ser eficaz na redução das pausas respiratórias em pacientes de apneia obstrutiva do sono. Os resultados de um ensaio clinico com inibidor da anidrase carbónica mostram a viabilidade de um potencial medicamento para a apneia do sono.

Apneia do sono: medicamento reduz frequência de pausas respiratórias
Apneia do sono: medicamento reduz frequência de pausas respiratórias. Foto: Rosa Pinto

Um novo estudo de investigação da Universidade de Gotemburgo mostrou a possibilidade do tratamento da apneia do sono com um medicamento. Os ensaios clínicos mostraram o uso do medicamento permitiu diminuir, em média, as pausas respiratórias em mais de 20 por hora, em comparação com a ausência de tratamento

O tratamento foi feito com anidrase carbónica, uma enzima que serve para manter o equilíbrio entre o ácido carbónico e o dióxido de carbono no organismo. Vários medicamentos com propriedades inibitórias de anidrase carbónica já estão disponíveis no mercado e são utilizados para tratamento de glaucoma, epilepsia e outras doenças.

Estudos anteriores não testaram sistematicamente se os inibidores de anidrase carbónica também podiam ser usados ​​para tratar a apneia obstrutiva do sono. O ensaio clínico randomizado duplo-cego, com a duração de quatro semanas, envolveu a participação de 59 pacientes com apneia do sono moderada ou grave. Os pacientes foram divididos aleatoriamente em dois grupos, que receberam 400 ou 200 mg do inibidor de anidrase carbónica e um terceiro grupo (grupo controlo) que recebeu um placebo.

Pausas respiratórias

Os investigadores verificaram que, de uma maneira geral, o tratamento com sultiame reduziu o número de pausas respiratórias e promoveu a oxigenação durante a noite. Alguns pacientes apresentaram efeitos colaterais, como dor de cabeça e falta de ar, que foram mais comuns naqueles que receberam a dose mais alta.

“Entre os pacientes que receberam a dosagem mais alta do medicamento, o número de pausas respiratórias diminuiu aproximadamente 20 por hora. Em pouco mais de um terço dos pacientes no estudo, apenas metade das suas pausas respiratórias permaneceram, e em um em cada cinco o número caiu pelo menos 60%”, referiu Jan Hedner, especialista envolvido no estudo.

Os resultados do estudo, publicados na American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, juntamente com os dados de segurança estabelecidos do medicamento sultiame, fornecem um suporte para mais estudos sobre um potencial tratamento para a apneia obstrutiva do sono.

Dado que há vários medicamentos aprovados e disponíveis no mercado na categoria de inibidores de anidrase carbónica, então torna-se viável o desenvolvimento acelerado de um medicamento para apneia do sono. Neste ensaio clínico foi usado o sultiame, que é usado para tratar a epilepsia em crianças.

Opções de tratamento da apneia do sono

Atualmente o tratamento para a apneia do sono é baseado numa terapia com aparelho oral ou uma máscara CPAP (Continuous Positive Airway Pressure). Ambos os aparelhos ajudam a manter a permeabilidade das vias aéreas durante o sono.

As atuais terapias levam algum tempo até que o paciente se acostume e, muitas vezes são percebidas como intrusivas. “Se desenvolvermos um medicamento eficaz, isso facilitará a vida de muitos pacientes e, a longo prazo, potencialmente salvará mais vidas”, disse Ludger Grote, investigador da Sahlgrenska Academy, Universidade de Gotemburgo.