Como preparar a família para um surto da COVID-19

Número de infetados com o novo coronavírus está a aumentar por todo o mundo, como é o caso em Portugal. Epidemiologista da Universidade da Geórgia enumera algumas das ações de planeamento e prevenção a desenvolver pelas famílias.

Como preparar a família para um surto da COVID-19
Como preparar a família para um surto da COVID-19. Foto: TVEuropa

Com o avançar do novo coronavírus pelo mundo as famílias precisam de estar preparadas para a situação de um surto perto de sua casa. “Todos devemos pensar na preparação”, indicou José Cordero, pediatra e epidemiologista da Faculdade de Saúde Pública da Universidade da Geórgia. O especialista tem vindo a estudar a disseminação de doenças infeciosas e seu impacto nas famílias.

Para o epidemiologista os cidadãos estão familiarizados com os passos que precisamos tomar para se protegerem em determinadas situações como uma tempestade e as medidas a tomar pelas famílias na preparar para um surto são semelhantes.

Numa situação de emergência as pessoas devem manter-se em casa e é isso que acontece durante uma quarentena, indicou o especialista. O objetivo é impedir que as pessoas que possam estar infetadas ou que possam ser expostas de alguma forma ao coronavírus tenham contacto com outras pessoas.

As famílias precisam de criar um plano de ação. O plano deve incluir:

Uma lista de produtos que a família possa vir a precisar para se sustentar em caso de uma quarentena comunitária. Deve pensar-se em comida, água, medicamentos, alimentos para animais e produtos de higiene pessoal.

Um plano de ação se um membro da família ficar doente.

Um plano de assistência às crianças se a escola ou a creche vier a ser fechada.

Um plano de assistência aos familiares se os auxiliares de saúde não puderem executar essa assistência.

Na lista de produtos alimentares deve-se pensar, além do pão e do leite.

Os produtos alimentares devem ser suficientes para durarem pelo menos duas semanas.

Armazenar alimentos enlatados, congelados e produtos secos.

Devem ser pensadas refeições que que não obriguem ao uso de energia, para o caso de haver falhas de abastecimento de energia.

Garantir armazenamento de água para beber, mas também para cozinhar e ações de higiene.

Considerar garrafas de gás, se for o caso.

Considerar produtos para as pessoas com exigências alimentares.

Devem ser considerados os medicamentos dos tratamentos em curso, produtos de primeiros socorros e alimentos para animais.

O especialista recomenda ainda que sejam pensadas “coisas” para manter as crianças entretidas, pois duas semanas é muito tempo para estar as estarem fora da escola e “presas” em casa.

Se um membro da família apresentar sinais de identificáveis com a COVID-19, a família necessita de um plano para isolar o familiar dos restantes membros e definir quem deve assumir os cuidados a esse familiar. As necessidades serão diferentes de familiar para familiar, as de um adulto são diferentes de uma criança.

Famílias com crianças, as famílias devem entrar em contacto com as escolas e creches para saber quais são os planos no caso de uma situação com confirmação de coronavírus.

Famílias com pessoas mais velhos ou doentes devem entrar em contacto com a instituição de saúde para saber quais são os planos para manter a comunidade segura. Se houver a necessidade de deslocação de pessoas idosas então é necessário planear eventuais acessibilidades e preparar o espaço.

Famílias com um familiar deficiente devem ter em conta os medicamentos e ferramentas necessários para administrar esses medicamentos em casa e para isso devem entrar em contacto com um prestador de cuidados especializados para obter informações sobre o plano de cuidados a serem disponibilizados.

As mulheres grávidas devem tomar precauções especiais, referiu o especialista. Na maioria dos casos, as mulheres assumem o papel de cuidadoras quando uma criança ou um membro da família mais velho fica doente, mas as mulheres grávidas podem ser mais suscetíveis aos efeitos do coronavírus, o que é verdade no caso da gripe.

“E se a escola fechar? E se a mãe ou o pai ficarem doentes? Essas são as perguntas que aproximam as famílias, mas quem não tem familiares próximos pode trabalhar com os vizinhos e amigos para fazer exatamente a mesma coisa ”, aconselhou o epidemiologista.