Danos nos nervos em diabetes tipo 2 podem ser detetados no olho

Diagnóstico de danos nos nervos numa pessoa que sofre de diabetes do tipo 2, por ser feito em 10 minutos, recorrendo a exame da córnea do olho, concluiu estudo de investigação que envolveu diabéticos em Skellefteå, no norte da Suécia.

Olov Rolandsson responsável por estudo de investigação que envolveu diabéticos em Skellefteå
Olov Rolandsson responsável por estudo de investigação que envolveu diabéticos em Skellefteå. Foto: Mattias Pettersson

É conhecido que a diabetes tipo 2 pode levar à deterioração da função nervosa, em que metade das pessoas que tiveram diabetes tipo 2 durante mais de dez anos têm uma diminuição das funções nervosas, que geralmente começa nos pés.

A diminuição da função nervosa pode ser referida com reduzida sensibilidade ou dor e o aumento do risco de feridas. A redução de sensibilidade e as respetivas consequências pode levar à necessidade de uma amputação. Não é conhecido numa terapêutica que possa reverter estes danos nos nervos, e os métodos disponíveis até agora para diagnosticar os danos nos nervos não são inteiramente eficazes.

Estudos explicam que quando o diabetes tipo 2 se desenvolve, pequenas fibras nervosas no sistema nervoso periférico começam a perder funções mesmo antes dos sintomas se tornem visíveis. As pequenas fibras nervosas periféricas podem encontrar-se na pele, mas também na córnea do olho. Pelo que como a córnea é transparente, é um lugar ideal para estudar os danos nos nervos que ocorrem nos diabéticos.

Olov Rolandsson, do Departamento de Saúde Pública e Medicina Clínica, Medicina Familiar, da Universidade de Umeå, na Suécia, e responsável por um estudo de investigação que envolveu pessoas com diabetes do tipo 2, referiu que “embora atualmente não haja cura, é sempre vantajoso detetar cedo mudanças nos nervos, pelo que é importante encontrar um método de diagnóstico rápido e seguro.”

O estudo desenvolvido na Suécia envolveu 82 pessoas de Skellefteå, com e sem diabetes tipo 2. Os investigadores examinaram os olhos dos participantes com um microscópio especial e verificaram que a densidade do nervo da córnea era menor em indivíduos com diabetes tipo 2 em comparação com indivíduos saudáveis. Se o indivíduo tivesse tido diabetes tipo 2 durante um período de tempo mais longo, a densidade do nervo era ainda mais reduzida.

O estudo foi o primeiro do género realizado na Suécia, e envolveu a cooperação entre uma equipa de investigadores da Suécia e investigadores na Alemanha, Itália e Noruega. O estudo permitiu criar um método de criação de imagens em três dimensões dos nervos da córnea.

Exame do olho
Exame do olho. Foto: Ola Nilsson

O exame microscópico da córnea é já uma prática clinica, mas este novo estudo é o primeiro a utilizar o novo método para avaliar o grau de lesão nervosa em diabéticos. Um exame à córnea do olho que leva apenas dez minutos e não causa desconforto aos pacientes, referem os investigadores. A equipa de investigação também desenvolveu um programa de análise automatizada que permite que o método seja usado ao nível dos cuidados de saúde gerais.

O investigador responsável pela investigação referiu: “Há boas condições para que este novo método de diagnóstico seja amplamente introduzido nos cuidados de saúde.”

O estudo, que já se encontra publicado na revista científica IOVS, ‘Investigative Ophtalmology & Visual Science’, foi liderado por Olov Rolandsson da Universidade de Umeå, e teve o desenvolvimento técnico e de microscopia a ser conduzido por Docent Neil Lagali na Universidade de Linköping.