Distúrbios do sono estão nos músculos, e não cérebro

Cientistas verificaram que é uma proteína nos músculos que leva a certos distúrbios do sono. Este novo conhecimento pode levar ao desenvolvimento de fármacos que auxiliem no controlo do sono, sobretudo em pessoas com atividades de grande exigência.

Joseph S. Takahashi
Joseph S. Takahashi. Foto: DR

Um novo estudo mostra que uma proteína nos músculos pode diminuir os efeitos de perda de sono. O resultado do estudo feito em ratos ‘domésticos’ é considerado, pelos cientistas, como surpreendente dado que vem por em causa o conhecimento existente e amplamente aceite de que o cérebro controla todos os aspetos do sono.

A descoberta, que é o resultado de uma colaboração entre o Peter O’Donnell Jr. Brain Institute da UT Southwestern, e outros centros médicos, dá aos cientistas um novo alvo para além do cérebro para o desenvolvimento de terapias para as pessoas que sofrem de sonolência excessiva.

Para Joseph S. Takahashi, responsável de Neurociências no UT Southwestern Medical Center e investigador do Howard Hughes Medical Institute, a “descoberta é completamente inesperada e muda a forma como pensamos que o sono é controlado”.

O estudo de investigação, cujos resultados já foram publicados na revista eLife, demonstra como uma proteína de relógio circadiano nos músculos, a BMAL1, regula a duração e a maneira de dormir.

Os investigadores verificaram, em ratos, que a presença ou ausência da proteína no cérebro teve pouco efeito na recuperação do sono. Os ratos com níveis mais altos de BMAL1 nos músculos recuperaram a privação do sono mais rapidamente.

Verificaram também que “a remoção de BMAL1 dos músculos perturbou gravemente o sono normal, levando a uma maior necessidade de dormir, sono profundo, e a uma capacidade reduzida de recuperação.

Para Joseph S. Takahashi a descoberta pode, eventualmente, levar ao desenvolvimento de terapias com benefício para as pessoas que possuem ocupações que exigem longos períodos de vigília, como é o caso de comando militar e de linhas aéreas.

O estudo mostra que há elementos “nos músculos que podem sinalizar o cérebro para influenciar o sono”. Joseph S. Takahashi indica, citado em comunicado, “que se houver vias semelhantes nas pessoas, isto proporcionaria novos alvos de fármacos para o tratamento dos distúrbios do sono”.