Doenças reumáticas levam 50% dos doentes a reformas antecipadas

Estudo revela que doenças reumáticas são a principal causa de absentismo laboral e reformas antecipadas. A doença afetou a produtividade de 87% dos doentes e o absentismo laboral atingiu mais de 9 horas por semana por doente ativo e levou 50% para a reforma.

Doenças reumáticas levam 50% dos doentes a reformas antecipadas
Doenças reumáticas levam 50% dos doentes a reformas antecipadas. Foto: Rosa Pinto

Estudo sobre a realidade atual do trabalho nos doentes reumáticos com a designação de ‘Doenças Reumáticas: Produtividade, Empregabilidade e Saúde Social’, promovido pela Plataforma Portugalapto.pt, revela que 87% dos participantes no estudo indicaram que a doença reumática afetou, mesmo que ligeiramente, a sua produtividade.

Relativamente à atual situação laboral, 30% dos 358 participantes no estudo referiram que no último ano tiveram pelo menos 1 dia de baixa devido a doença reumática. Destes, 5,6% estiveram de baixa entre 120 e 265 dias.

Os pacientes de doença reumática que ainda se encontram no ativo indicaram que tiveram uma ausência ao trabalho na última semana de mais de 9 horas. Por outro lado, verificou-se também que quase 50% trabalhou metade das horas que devia na última semana.

No caso dos doentes que já se encontram reformados, 50% indicou que foi a doença reumática que levou à reforma antecipada.

O estudo indica também que o grupo de participantes apresentou 44,6% de presenteísmo (com presença no posto de trabalho mas sem produtividade), 11% de absentismo e 44,5% de perca de produtividade no trabalho ou de prejuízo global devido a doença.

O estudo permitiu também “identificar medidas que promovam a melhoria das condições de rentabilidade laboral numa perspetiva de defesa do doente, permitindo-lhe por um lado manter o seu trabalho e, por outro, efetiva-lo para que melhor se coadune com as suas limitações e capacidade individuais, motivadas em cada momento pela doença reumática”, referiu Augusto Faustino, coordenador da plataforma PortugalApto.pt.

O estudo revela que em relação a questões com a melhoria no local de trabalho, nomeadamente na organização temporal, 19,3% dos participantes referiram a necessidade de haver flexibilidade de horário, 14,9% consideraram as pausas alargadas para almoço e 13,6% o menor controlo do ritmo de trabalho.

Em relação a fatores de carga física e de ambiente, 21,9% dos doentes consideraram a necessidade de uma melhoria da postura, 20,9% a climatização e 18,4% a alternância de posturas.

No domínio do apoio médico e terapêutico, 19,4% dos participantes referiram a necessidade da medicação ser mais barata, 18,3% fizeram referência à falta de um exercício físico regular e mais orientado e 15,1% consideraram que os tratamentos devem ser comparticipados.

O estudo indica que em termos legais 17,2% dos doentes consideraram que as baixas devem ter maior remuneração, 16,7% apontou a necessidade de haver uma redução da idade da reforma e 13,6% considerou dever ter acesso a isenção de taxas moderadoras.

O estudo é uma iniciativa internacional Fit for Work que envolveu 358 pacientes com doença reumática diagnosticada, adultos profissionalmente ativos ou reformados, de uma consulta de reumatologia geral. O estudo recorreu ao questionário Work Productivity and Activity Impairment (WPAI) para medir os prejuízos que as doenças reumáticas provocam no trabalho e nas atividades quotidianas.

Para Augusto Faustino “é importante que todas as entidades envolvidas nesta problemática se juntem em torno da elaboração de uma estratégia conjunta que permita combater este problema, invertendo o sofrimento do doente reumático na efetivação das suas atividades profissionais, diminuindo o absentismo laboral e as reformas antecipadas que contribuem para a redução do número de pessoas ativas e consequente produção de riqueza e produtividade do país”.

Os resultados do estudo estão a ser dados a conhecer a profissionais de saúde, técnicos e associações de doentes pela Portugalapto.pt. Um momento de debate sobre a problemática do absentismo laboral e das reformas antecipadas que advêm das doenças reumáticas.

Os responsáveis pelo estudo pretendem que as questões levantadas tenham o envolvimento “das associações empresariais, os sindicatos e a classe política na elaboração de um documento de consenso sobre a empregabilidade, capaz de promover alterações ao nível da legislação ou da adaptação do local de trabalho às necessidades dos doentes, por forma a integrá-los na sociedade, aumentando a retenção laboral e a consequente produtividade”.