Falar ou cantar impulsiona os vírus numa direção e distância

Falar ou cantar projeta gotas de saliva, com possíveis vírus, numa direção e numa distância de acordo com os sons produzidos. Sons de algumas consoantes numa fala podem produzir um fluxo de ar cónico que pode ser projetado até 2 metros em 30 segundos.

Falar ou cantar impulsiona os vírus numa direção e distância
Falar ou cantar impulsiona os vírus numa direção e distância

A fala e o canto espalham gotas de saliva, um fenómeno que tem atraído muita atenção no contexto atual da pandemia de COVID-19. Cientistas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), da l’Université de Montpellier, França, e da Universidade de Princeton, EUA, investigaram o que acontece durante uma conversa.

Um primeiro estudo publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS) revelou que a direção e a distância do fluxo de ar gerado ao falar dependem dos sons produzidos.

Os cientistas indicam que o acúmulo de consoantes oclusivas, (uma consoante que é pronunciada pela expiração de ar que é bloqueado por um obstáculo bucal, que interrompe momentaneamente a sua corrente, e que acaba “explodindo” quando aberto), como o “P” em “PaPa”, produz um fluxo de ar cónico que pode viajar até 2 metros em 30 segundos.

Os resultados do estudo enfatizam que o tempo de exposição durante uma conversa influência o risco de contagio tanto como a distância, dado que as gotículas podem transportar vírus.

Um segundo estudo publicado ontem, 2 de outubro, na revista “Physical Review Fluids” descreve o mecanismo que produz gotículas microscópicas durante a fala: filamentos de saliva formam-se nos lábios para as consoantes como P e B, e são então estendidos e fragmentados na forma de gotículas.

A investigação está a ter continuidade envolvendo a Metropolitan Opera Orchestra (“MET Orchestra”), em Nova Iorque, EUA, no âmbito de um projeto de identificação das condições mais seguras para a continuação da atividade desta prestigiada orquestra.